Dói Viver
Na tarde em que escrevo, o dia de chuva parou.
Uma alegria do ar é fresca contra minha pele. O dia vai acabando não em cinzento, mas em azul-pálido.
Um azul vago reflete-se, mesmo, nas pedras das ruas.
Dói viver, mas é de longe. Sentir não importa. Acende-se as lâmpadas.
No azul menos pálido e menos azul, que se espelha nos prédios, entardece um pouco mais a hora indefinida.
Cai leve, fim do dia certo... Cai leve, onda de luz que cessa melancolia da tarde inútil, bruma sem névoa que entra no meu coração.
Cai leve, suave, indefinida palidez lúcida e azul da tarde aquática - leve, suave, triste sobre a terra simples e fria.
Cai leve, cinza invisível, monotonia magoada, tédio sem torpor.