O passarinho, os passarinhos
O dia amanhecia, o galo já cantava. A persiana do meu quarto mantinha-se estática e aberta.
Deitada na cama de decúbito direito, mão direita debaixo da cabeça, a outra sobre o corpo eu podia ver um fio, e vários passarinhos.
Eles viravam, cantavam abaixava a cabeça, voavam para outro lugar e voltavam.
O dia ficava mais claro, os passarinhos cantavam, se viravam e voavam, mas já não voltavam mais.
Cada vez menos passarinhos, mas ouvia ainda poucos cantos, mais ainda cantavam. E se iam mais alguns.
Restaram dois. Um quieto, estático, de cabeça virada para o outro. Enquanto seu companheiro, cantava, virava, pulava, abria uma asa, fechava, virava, abria a outra asa, cantava, abaixava quase que caindo do fio, saia voando dava piruetas e voltava a sua cantoria e dança.
O outro estático. Então o passarinho dançante foi embora. Então o outro começou seu show, abria as asas, virava-se no fio, cantava, voava e fazia piruetas. O sol finalmente raiou e já iluminava o dia, então o passarinho se foi.
Levantei-me, espreguicei, entrei no banho, cantei, sai do banho, arrumei umas coisas, dancei ao som do rádio com o cabo da vassoura enquanto varria a casa. E então a tarde saí.