SOGRA BRABA - Parte II
Julio foi obrigado a sair de seu aposento nupcial para ir buscar água no charafiz. Marocas poderia ter incumbido Gilberto, irmão de Marta, para fazer esta tarefa. Afinal, ele não tinha o costume de carregar latas dágua. Entretanto, aquele menino só vivia agarrado com suas revistas, já amareladas pelo manuseio. Sentava-se no sofá da sala e ficava, o dia todo, calado, com os olhos fixos naquelas histórias de quadrinhos. Julio balbuciou, baixinho, somente para os seus botões:
- Diacho deste menino preguiçoso!. Só quer vida boa! Certamente quer ser doutor, ou até bancário. Lendo tudo que vê na sua frente, por certo quer ser escritor.
A disciplina dos três filhos era feita com mão de ferro. Dona Marocas mantinha, pendurada no armador da sala, sua palmatória. E a usava com rigor, em qualquer travessura que eles fizessem.
Tudo dela era guardado a sete chaves. Tudo trancafiado. Seus objetos de uso pessoal eram todos marcados. Ela escrevia um "M" bem desenhado. Prato, colher e copo. Até os ovos das galinhas que ela trazia lá do chiqueiro, os pintava com aquele grande "M" vermelho. E ai de quem ousasse pegar num deles.
À noite, deitado, ainda com o corpo dolorido e as mãos ardendo, pelo esforço daquela manhã, Julio começou a entender que sua estadia ali seria muito tormentosa. A não ser que rasgasse o galo e jogasse as penas sobre Marocas e mostrasse a ela com quantos paus se faz uma balsa.
Agora era deixar isso prá lá e procurar desfrutar dos deleites do amor com sua mulher, nova e bonita e cheirosa. Afinal eles ainda estavam em lua de mel.
No dia seguinte, após o café, antes de Julio sair para o trabalho, Marocas, entrou em seu quarto balançando o espanador, e colocando cada coisa em seu lugar.
- Cadê o enfeitinho que coloquei aqui sobre o criado mudo? Quem teve o atrevimento de tirar daqui? E apontava com o cabo do espanador.
Ah, não, não agüento mais, vai ser agora, pensou baixinho Julio. Ontem me acordou para carregar água e hoje, vem me encher o saco?
- Eu!!!. Julio levantou-se como um soldado em posição de continência.
- Pronto, fui eu...e agora?..o que é que vai dar?. E puxe daqui! A senhora manda da porta prá lá. Aqui no meu quarto, mando eu! Bradou para todo o quarteirão ouvir.
Marocas ficou muda, parada, os olhos fixos e caiu tesa no chão. Depois começou a tremer como vara verde.
- Você vai me matar, desgraçado!
Muitos espetáculos como este se passaram naqueles dias. Julio não podia mais permitir que aquela mulher, mandona e implacável, dominasse tudo.
Nove meses depois, Marta se preparava para colher os frutos do seu amor.
Á mesa, no café da manha, Julio exprime a vontade de levar Marta para fazer o parto na Maternidade Santa Rita.
- De jeito nenhum, ela vai é para a Casa de Saude, assevera Marocas.
Ninguém imagina o turbilhão de pensamentos que passa pela cabeça de Julio. Ver sua esposa com aquele barrigão e por cima com papeira. Mas o pior era enfrentar uma sogra tão braba. Marta teria condições de ter o menino naquelas condições? Não, não teria. O médico já marcara o dia da cesariana. Ademais, Marta teve que esconder a papeira, com um lenço. Doença miserável e contagiosa.
Não foi menino, como ele esperava. Agora ele era pai de uma linda menina. Ao voltar para casa, a situação piorava cada vez mais. Além de já mandar em tudo, Marocas agora mandava também em sua neta recém chegada. Se fosse só isso, estava bom.
- Ei, você vai dormir na sala. Quando terminar o resguardo, você volta.
Parece que suas tentativas de quebrantar a sogra, não tinham surtido muito efeito. Marocas, a cada dia, ficava mais braba e indomável. Implicava com tudo. Arrumação da casa, do quarto. Seu Juvêncio, coitado, já deixara ela montar de vez. Ela teimava até com as galinhas do chiqueiro, lá no muro.
Mas Julio não se achava mole não. Pelo contrário, ele era também mais brabo do que um siri dentro de uma lata.
Como conviver assim com sua sogra?
Destarte resolveu procurar casa para alugar e sair. Com seu ordenado da cervejaria já dava para pagar o aluguel. Mesmo que fosse residir lá no rabo da gata, ou em baixo da ponte. Morar com uma sogra braba como aquela, não dava mais.
Julio foi obrigado a sair de seu aposento nupcial para ir buscar água no charafiz. Marocas poderia ter incumbido Gilberto, irmão de Marta, para fazer esta tarefa. Afinal, ele não tinha o costume de carregar latas dágua. Entretanto, aquele menino só vivia agarrado com suas revistas, já amareladas pelo manuseio. Sentava-se no sofá da sala e ficava, o dia todo, calado, com os olhos fixos naquelas histórias de quadrinhos. Julio balbuciou, baixinho, somente para os seus botões:
- Diacho deste menino preguiçoso!. Só quer vida boa! Certamente quer ser doutor, ou até bancário. Lendo tudo que vê na sua frente, por certo quer ser escritor.
A disciplina dos três filhos era feita com mão de ferro. Dona Marocas mantinha, pendurada no armador da sala, sua palmatória. E a usava com rigor, em qualquer travessura que eles fizessem.
Tudo dela era guardado a sete chaves. Tudo trancafiado. Seus objetos de uso pessoal eram todos marcados. Ela escrevia um "M" bem desenhado. Prato, colher e copo. Até os ovos das galinhas que ela trazia lá do chiqueiro, os pintava com aquele grande "M" vermelho. E ai de quem ousasse pegar num deles.
À noite, deitado, ainda com o corpo dolorido e as mãos ardendo, pelo esforço daquela manhã, Julio começou a entender que sua estadia ali seria muito tormentosa. A não ser que rasgasse o galo e jogasse as penas sobre Marocas e mostrasse a ela com quantos paus se faz uma balsa.
Agora era deixar isso prá lá e procurar desfrutar dos deleites do amor com sua mulher, nova e bonita e cheirosa. Afinal eles ainda estavam em lua de mel.
No dia seguinte, após o café, antes de Julio sair para o trabalho, Marocas, entrou em seu quarto balançando o espanador, e colocando cada coisa em seu lugar.
- Cadê o enfeitinho que coloquei aqui sobre o criado mudo? Quem teve o atrevimento de tirar daqui? E apontava com o cabo do espanador.
Ah, não, não agüento mais, vai ser agora, pensou baixinho Julio. Ontem me acordou para carregar água e hoje, vem me encher o saco?
- Eu!!!. Julio levantou-se como um soldado em posição de continência.
- Pronto, fui eu...e agora?..o que é que vai dar?. E puxe daqui! A senhora manda da porta prá lá. Aqui no meu quarto, mando eu! Bradou para todo o quarteirão ouvir.
Marocas ficou muda, parada, os olhos fixos e caiu tesa no chão. Depois começou a tremer como vara verde.
- Você vai me matar, desgraçado!
Muitos espetáculos como este se passaram naqueles dias. Julio não podia mais permitir que aquela mulher, mandona e implacável, dominasse tudo.
Nove meses depois, Marta se preparava para colher os frutos do seu amor.
Á mesa, no café da manha, Julio exprime a vontade de levar Marta para fazer o parto na Maternidade Santa Rita.
- De jeito nenhum, ela vai é para a Casa de Saude, assevera Marocas.
Ninguém imagina o turbilhão de pensamentos que passa pela cabeça de Julio. Ver sua esposa com aquele barrigão e por cima com papeira. Mas o pior era enfrentar uma sogra tão braba. Marta teria condições de ter o menino naquelas condições? Não, não teria. O médico já marcara o dia da cesariana. Ademais, Marta teve que esconder a papeira, com um lenço. Doença miserável e contagiosa.
Não foi menino, como ele esperava. Agora ele era pai de uma linda menina. Ao voltar para casa, a situação piorava cada vez mais. Além de já mandar em tudo, Marocas agora mandava também em sua neta recém chegada. Se fosse só isso, estava bom.
- Ei, você vai dormir na sala. Quando terminar o resguardo, você volta.
Parece que suas tentativas de quebrantar a sogra, não tinham surtido muito efeito. Marocas, a cada dia, ficava mais braba e indomável. Implicava com tudo. Arrumação da casa, do quarto. Seu Juvêncio, coitado, já deixara ela montar de vez. Ela teimava até com as galinhas do chiqueiro, lá no muro.
Mas Julio não se achava mole não. Pelo contrário, ele era também mais brabo do que um siri dentro de uma lata.
Como conviver assim com sua sogra?
Destarte resolveu procurar casa para alugar e sair. Com seu ordenado da cervejaria já dava para pagar o aluguel. Mesmo que fosse residir lá no rabo da gata, ou em baixo da ponte. Morar com uma sogra braba como aquela, não dava mais.