JOÃO UM ROMANCE SOBRE PANIFICAÇÃO

JOÃO

Um Romance Sobre Panificação

ATENÇÃO todo esse texto é fruto da imaginação do Autor. Tanto personagens ou lugares não terão coincidência com nada no mundo real. Só se o autor for bem azarado. Mas se chegarmos a esse ponto, reiteramos que será mera coincidência.

DEDICO esse livro a ela que comigo envelhece e com o passar dos anos torna toda essa caminhada mais bonita e literalmente com mais vidas. A você esposa amada e companheira querida. A Karla muito minha abençoada esposa amada.

INTRODUÇÃO

SEM nos atermos a datas por entendermos que não interessam a nossa história e sim aos fatos que amarrarão todo o enredo a contento. Eis que naqueles dias chegou num navio vindo de Portugal, desembarcando no Rio de Janeiro um tal de Sebastião. Era Sebastião de nada, mas na alfândega foram pedindo a todos que dessem um nome que deveria acompanhar o pré nome. Aquilo já o estranhou porque lá em terras portuguesas quando queriam isso fazer só falavam ô cá qual o teu sobrenome? Assim já começou a ficar quase arrependido de ter atravessado o mar para vir para os lados de cá, tentar a sorte. Então na sua vez falou o mais comum que se lembrava dos sobrenomes: de Souza. E passou a ser Sebastião de Souza. Branco, boa aparência e fisionomia. Alguém falara que no dia anterior a família imperial também chegara. Sebastião não deu a menor importância a esse fato. Foi procurar aonde se empregar na única coisa que tinha por profissão, fazia muitos anos, que tirava o sustento, por aonde passava e isso o garantia de estar com a mesa sempre farta. Até em tempos de vacas magras. Era padeiro, e sem saber bem o porquê os seus pães eram os mais bem feitos. Logo arrumou trabalho. Pouco tempo depois estava casado com uma brasileira nata, mas mulata e tiveram um filho; um único filho que, contrariando a vontade da mãe, não recebeu o mesmo nome do pai. Ele explicava para sua amada que ela era Maria e o filho seria João para fazerem o par da história, que tanto gostava na sua infância, que era justamente, João e Maria. Aliás, era ter pão na história, para Sebastião logo se interessar.

CAPÍTULO UM

JOÃO crescia bonito, alto e bem alimentado. Corria para todos os lados. E logo cedo tomou gosto pela profissão do pai. Isso agradava mais a ela que a ele. O pai queria o filho letrado. Já a mãe queria o filho feliz, sadio e bem alimentado. Ninguém perguntou ao menino a sua opinião, por sorte ele também era bom, muito bom por sinal, nas contas. E vendo o quanto isso ajudava, logo foi pra bancada, sempre depois das aulas, e logo seu pai notou que o caixa melhorava, logo que João aparecia na bancada. Não errava na hora do troco, nenhum dinheiro faltava. Os anos iam passando e a inteligência do filho ia crescendo, acompanhando a sua estatura, logo João já se destacava pela rua. E gostava de estudar, e quanto mais estudava mais trabalhava e sabia tanto das massas, quanto da freguesia, que ele sem perceber só fazia aumentar, com aquele seu jeito diferente de atender. Já seus pais, estavam pra lá de atentos, ao tino do menino para tudo e já carregavam dentro de si o quanto aquele fruto iria se transformar quando chegasse a flor da idade. Mas eles pensavam bem pequeno, para eles o máximo que aconteceria seria João ter também a sua própria padaria. Olhavam, mas não enxergavam tudo o que poderia fazer aquele menino. A mãe ainda o acompanharia por muitos e muitos anos. O pai, somente por mais alguns anos.

Mais alguns anos passaram, a prosperidade chegou. Sebastião levou a família para mais perto do palácio e num dia desses qualquer um dos pães chegou até a mesa do próprio Príncipe Regente, que provou, gostou e aprovou. Daquele dia em diante Sebastião que havia chegado por aqui sem um tostão, se viu obrigado a ter conta em banco e crediário, já não conseguia mais sossegar com a ideia de ter tudo guardado dentro de casa, por mais que a vizinhança inspirace confiança. Trazia do passado as marcas da desconfiança e não iria arriscar ter de recomeçar mais uma vez, até mesmo porque, a juventude já passara, e as forças já não estavam mais só com os seus braços, tinha agora uma família para cuidar e zelar. Melhor ver o dinheiro no banco do que ficar de mãos abanando e essa lição o filho sempre guardou, por todos os lugares aonde seus pés pisaram. O tempo ia passando, João os estudos terminava, os negócios do pai estavam mais do que o esperado, porque já vendia não só para o palácio, vendia para todo bairro e em pleno centro da cidade, já abria mais de uma padaria e João tudo negociava, todos os preços conhecia e quando ia para cozinha, alguma mágica acontecia, que nem ele, nem seu pai, nem sua mãe ainda tinham conseguido perceber, mas seus pães ficavam melhores, maiores, mais frescos e saborosos e esses eram os preferidos dos monarcas. E João passou a ser o único a fazer os pães para realeza e, claro, eram os que eram servidos também na sua casa e quando iam fechar algum grande negócio. João tinha resolvido que iria para universidade, com o apoio e financiamento do pai e com a discordância da mãe. Ela via que a saúde do seu amado se esvaia, tal qual um punhado de farinha, quando deixado escorrer pelas mãos. Sem João por lá, como iriam manter os negócios em pé? Como iriam viver, agora que estavam acostumados, a toda aquela prosperidade? Aos confortos da vida na cidade? Mas os homens já estavam resolvidos e dois acabam convencendo um, nesse caso uma, a família real voltava. O imperador ao trono abdicava e João foi convidado para continuar na sua função, não só durante a viagem, mas também no palácio, em Lisboa, e com a universidade paga pelos cofres da coroa. Aceita a proposta, embarcaram sem demora. Foi aquela choradeira e era justamente numa sexta-feira. Chorou ele, chorou ela, chorou o pai, a mãe, até mesmo uma cadela, vira lata, que do seu pão já provara. Até quem não era do palácio ficou meio desiludido com a partida de João, porque até aquele momento eles não tinham noção do quanto João era sinônimo de pão. Nem mesmo o próprio João. Era melhor assim, se soubesse o que o esperava a frente, poderia se acovardar e nem seguir em frente. Isso tem de bom no amanhã. O não saber é o que permitiu aquele embarque, naquela tarde, em meio a tantas lágrimas, mas a maior parte das dele de saudades, porque era a primeira vez que saia de casa e não queria demorar para retornar, porque a saúde do pai também o preocupava, mas ele sabia e seus pais também que precisava continuar crescendo e se desenvolvendo. E foi. E a viagem foi melhor do que imaginava. Seguiu o pedido do pai e não colocou os pés no cais do local aonde ele partira, porque ali nada de bom acharia. Lá em Portugal achou a terra toda uma beleza. O tempo do estudo foi bem empregado. Se fez primeiro médico. Voltou. Tentou cuidar do pai, fez o melhor que pôde, mas o pai seguiu o caminho que a todos estamos destinados. Choraram, prantearam e mais uma vez ficaram surpresos com o tamanho da popularidade que Sebastião tinha na cidade. E também com o tamanho da fortuna deixada para a família. Era difícil entender que aquilo tudo era fruto colhido de farinha. João já havia determinado que iria sair novamente. Mas agora a situação era ainda mais complicada, que na primeira jornada. Se dois conseguiram convencer uma. Agora a uma tinha, na viuvez recente, o maior argumento para tentar tirar da cabeça do filho, já rico e doutor, partir pra quê? Quer estar fora quando eu...também...? Não teve coragem de terminar a frase. João permaneceu por mais algum tempo, mas já tinha a ideia firmada, melhor dizendo formada, e depois firmada, de que estava a sua frente, era a oportunidade não de riqueza, mas de formar um verdadeiro império. Desde os tempos no colégio, que gostava de tentar entender, como aqueles povos antigos, os egípcios, romanos e até mesmo outros pouco estudados, povos africanos ou até mesmo os índios americanos tinham crescido e prosperado e tentava de forma velada fazer essa descoberta, esse segredo, só para si guardava, nem com seus pais compartilhava, de como fazer essa expansão chegar a produção da padaria. Num dia que era para ser só mais um dia, viu como num clarão, aquilo que não viam, quando ele literalmente metia as mãos na massa e anotou tudo aquilo para não esquecer. Ali estava a receita para fazer daquele pão a porta de entrada, para começar a jornada de plantar uma padaria em todas as terras por aonde passasse, mas como se ouvisse a voz do pai ainda a falar, surgiu a ideia que mais óbvia seria: todas elas seriam feitas em terras portuguesas, porque a língua seria o facilitador de todo esse labor. E se uma bem feita era sinônimo de bonança. Então porque não tentar uma expansão e fazer logo um império do ouro branco, mesmo o ouro sendo amarelo?

No dia do clarão, resolveu anotar exatamente tudo que lembrava desde o mínimo detalhe que fazia quando esteve com o pai no primeiro dia na padaria. E ria e como ria. Nunca riu tanto na vida. Estava ali tudo tão evidente que não contaria por medo da zombaria, resolveu guardar no cofre no banco. Se alguém algum dia por acaso conseguisse reproduzir com o mesmo sucesso os seus pães, então queimaria aquele papel. E transformadas em cinzas estariam também resolvidas todas as supostas zombarias, que estava com medo, naquele dia. A outra questão seria convencer a mãe a ficar novamente sozinha. Mas mal sabia ele, que ela já estava certa, que não poderia fazer o filho ficar, porque a mesma chama que já havia visto nos olhos de Sebastião, as via agora feito um vulcão em erupção nos olhos do filho João. Mal se encontraram, ele ficou surpreso quando ao abrir a boca a mãe o cortou de forma abrupta, quase grosseira e fez um longo, pausado e demorado discurso deixando os dois com muitas lágrimas nos olhos e a firme promessa de que iriam se reencontrar o mais breve possível. João de tudo cuidava e já tinha deixado além da situação da mãe estabilizada, também uma soma grande e tinha investimentos em algumas áreas, para garantir que não deixaria a mãe passar por qualquer aperto. Aprendera com o pai que não precisavam deixar de assentar algum alicerce para os que iriam ficar, enquanto outros iriam navegar para outro cais. Ele mesmo não tinha conseguido fazê-lo e procurou não deixar o filho cometer o mesmo erro. João então juntou uma grande carga num navio e aparentemente iria para nova estadia no velho continente, estava fazendo o caminho inverso como outros já haviam feito. Contudo aqueles não eram os seus planos, que só eram do conhecimento dos mais chegados, que estavam todos literalmente no mesmo barco. Quando o porto deixaram, ao invés de rumar para a Europa, foram direto para África. Especificamente para os países aonde o idioma era o elo de ligação. Chegando lá era tudo desolação. Já tinha acabado aquela coisa tão medonha, que era vender gente, tinha ficado a pobreza e mesmo assim era exatamente, por ali, que começaria sua empreitada. Já tinha aprendido desde cedo a brincar com as palavras, hábito adquirido com os pais. "Porque se nem só de pão vive o homem..." seus pais gostavam de citar. Quer dizer que também o pão se faz necessário. Aonde existiam bocas, sempre vai existir fome e aonde houver fome, sempre vai existir necessidade do pão. Aí João começava a perguntar daonde iria vir era a farinha para fazer tanto pão e como fazer para assar o pão para fazer o mundo inteiro comer. E seus pais riam. E ele acabava rindo também. Agora estava ali ele contando que conseguiria fazer aquela loucura acontecer. Muitas foram as dificuldades. Mas aconteceu, por acaso alguns dirão, outros por sorte, já ele sabia que, nem uma coisa, nem outra. Toda situação, tinha sido era bem estudada. Desde que esteve na Europa estudando, João sabia que em outro continente e longe de casa, a primeira coisa a fazer era não se meter em nenhuma roubada, e por mais que ele fosse bonito, rico e até elegante, procurava pensar em quase tudo, como quem está fazendo pão, ou alguma outra das coisas que fazia para comer na padaria. Seguindo a receita, tinha tudo a mão para dar certo. Era preciso atenção aos detalhes. Então passou bem toda aquela estada e aproveitou para aprender como proceder no palácio e como faria em outras terras. Em Angola o costume local era casar com alguma filha de um chefe local. Aonde se via uma terra devastada, ele procurou o melhor ponto aonde conseguir se instalar, para ter lenha e água e aonde conseguir novas remessas de farinha. Em pouco tempo e com muito trabalho já tinha prosperado. Mandou para mãe um cartão postal. Hábito que já havia adquirido desde a época da universidade, para colecionar tanto os cartões, bem como os selos e seus pais terem sempre notícias do seu paradeiro. A mãe achava que iria ver uma das imagens costumeiras de alguma das cidades das terras lisboetas, tomou foi o maior susto quando viu a zebra ali desenhada e o selo que mostrava a juba esvoaçante de um leão, não fosse a letra do filho, teria achado que aquilo era alguma brincadeira de mal gosto. Pouco tempo depois, no mesmo porto, o navio trazia de volta seu bem mais precioso, dessa vez não vinha só, estava acompanhado, trazia mulher e filho nos braços. E, não se conteve Maria, com aquele presente chegado assim inesperadamente e nem estavam perto do natal, aquilo era a melhor coisa que não esperava. João passou o filho para os braços da agora vó e estavam reunidos mais uma vez mãe e filho.

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Renato Lannes Chagas
Enviado por Renato Lannes Chagas em 29/12/2024
Código do texto: T8229198
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