Caravelhas, Água Salgada e Sardinha
— Levantem as velas! A estibordo! — gritou o capitão.
— Mas senhor o vento está muito forte.
— Me obedeça, marujo. Navego por os 7 mares já faz mais de 30 anos, sei o que estou fazendo.
Então os dois jovens marujos levantaram as velas com toda a sua força. Um pirata precisava saber lidar com as inconveniências do alto mar. Tanto naturais, quanto as causadas por humanos arrogantes.
— Capitão! — Falou o outro marujo.
— Diga.
— Levaram o imediato Sardinha.
No mesmo instante o capitão desceu para o convés, onde está o marujo, deixando o volante correr solto.
— O que? Como isso aconteceu bem embaixo dos nossos olhos? Uma tripulação composta por 5 homens e ninguém percebeu? A água salgada deixou vocês cegos?
— Estávamos ocupados senhor, derrubando os piratas do barco inimigo no mar!
— É verdade. — Concordou outro tripulante.
— Quantos eram? — Perguntou o capitão.
— Talvez 3 ou 4, senhor. Conseguimos expulsar 3, eu acho.
Enquanto o barco se desviada da rota por conta do leme solto, os piratas do barco denominado de Grilo Azul balançavam junto as ondas.
— Nós vamos pegar ele de volta, custe o que custar. — O capitão já não estava mais de bom humor.
— Capitão! Tenho algo mais a falar — recebeu apenas um olhar rabugento. — Foram as piratas do barco Cristal que levaram ele.
O capitão tinha uma certa intriga com as mulheres do barco Cristal.
Era uma tripulação apenas feita por mulheres, mulheres fortes até demais. Elas sempre roubavam alguma coisa, ou alguém, do seu barco e isso já estava deixando o capitão extremamente irritado.
— Mestre de Artilharia?
— SIM CAPITÃO? — Bateu continência.
— Prepare os canhões! Olheiro?! — Pois se a frente outro homem da tripulação.
— Apostos senhor! — O capitão nem precisou falar nada, o marujo subiu para cima da torre de vigilância e começou a procurar pelo barco inimigo.
O capitão subiu a proa olhando aos arredores, procurando, talvez, algum rastro das malditas criminosas. Porém foi em vão. Nada além de água salgada. Seu chapéu clássico de pirata, com uma caveira estampada na frente, estava firme em sua cabeça. O chapéu foi um presente de seu pai, que quando era criança, também tinha o sonho de ser um pirata.
°•°•°•°•°
Em outro lugar não tão distante do barco Grilo Azul também havia uma tripulação preocupada...
— Capitã, quanto tempo a senhora acha que eles vão demorar pra perceber que o imediato desapareceu?
— Com a mentalidade deles talvez um bom tempo, mas talvez eles percebam logo, a presença desse marujo pode ser muito presente quando quer, ele costuma reclamar muito quando está com fome.
A capitã do barco Cristal não tinha um chapéu na cabeça, mas sim um lenço vermelho amarrado na parte de trás. Mas o que chamava a atenção era seu jeito de liderar o barco e seu quase sexto sentido que dizia ter.
— Preparem as armas e escondam o imediato, eles já vão chegar!
— Vejo um barco se aproximando! — Falou uma tripulante na proa.
— Os piratas do barco Estrela não foram convocados para atacá-los? Eles disseram que iam nos ajudar? — A maruja encarregada do volante perguntou.
— Eles se autodeclararão nossos aliados fiéis!
— Foram todos eliminados. — A capitã deu a infeliz notícia. Todas as garotas se olharam abismadas. — Todos eles foram jogados ao mar pela tripulação do capitão que se diz ser dono dos 7 mares, mas todas sabemos que esse título já é meu. — Seu olhar era frio, porém todas sabiam que ela também sentia pela perda dos piratas.
Os piratas do barco Estrela eram grandes amigos das garotas. Seus codinomes eram: Pé de Pano, Sansão, Macaco e Urso Verde. Todas iriam sofrer pela perda dos grandes amigos, mas agora era hora de agir.
A batalha tão esperada entre os piratas do barco Grilo azul e Cristal iria finalmente acontecer. Outros mercenários que vagavam os mares conheciam a rixa entre as duas tropas e temiam que alguma briga fosse acontecer algum dia, pois se acontece, muitas vidas seriam ceifadas, não só a tripulação de cada barco iria sofrer, mas também os demais que ficavam na terra.
Uma possível guerra estava por vir.
E todos sabiam disso.
°•°•°•°•°
— ELAS ESTAM CHEGANDO! — Gritou o vigia no ponto mais alto do barco Grilo Azul.
—PREPAREM OS CANHÕES! — Gritou o capitão — Mas só disparem ao meu comando.
No barco Cristal era a mesma coisa todas estavam apostas, somente esperando a ordem da sua líder.
—O que vocês fizeram com os piratas do barco Estrelas? — Perguntou a comandante, mesmo já sabendo a resposta.
— Então foram vocês que mandaram aqueles piratas meia boca para o nosso barco? — perguntou um marujo.
Não obteve resposta.
Então o capitão se pôs a frente, com as mãos para trás e com uma feição n muito amigável.
— Vocês estão com o imediato Sardinha?
— Talvez.
Nenhum dos dois parecia ligar muito para o que ia acontecer depois dessa batalha, n se importavam quantas vidas estavam em jogo. O que importava naquele momento era o orgulho de cada um dos envolvidos.
— Mirem os canhões — ordenou a mulher de bandana.
— Você vai mesmo querer me atacar? Você sabe com quem está lidando?
— Com um cara sem inteligência e tática o suficiente pra não se dar conta que vai perder.
O ódio era palpável no ar.
— Soltem o Sardinha — a mulher disse calmamente.
— Mas comandante
— Quero uma luta justa, então faça o que eu mandei, soltei o imediato.
As tripulantes foram imediatamente acatar a ordem, mas quando chegaram no lugar onde haviam deixado o refém, ele não estava mais lá.
— O IMEDIATO FUGIU CAPITÃ!
— COMO ELE FUGIU? ELE NÃO ESTAVA AMARRADO?
— A gente ficou com pena, então só colocamos ele na jaula.
O capitão apenas dá uma olhada para o barco Cristal então ordena.
— Apontem os canhões
Todos estavam posicionados, com sangue nos olhos, ódio no coração.
Parece que o tempo tinha parado e todos se encaravam como num filme de famtasia clichê.
Então ouvisse um grito, uma voz muito alta vinda da parte de trás de todos.
— Venham comer crianças, a vovó já preparou o almoço! — Falou a mãe de uma das crianças. — Rápido, se não a comida vai esfriar.
— Mãe! Eles pegaram o Sardinha da gente! — Reclamou a menininha emburrada.
— Vocês que não sabem dividir! — O garotinho estava com os braços cruzados na frente da mãe e ao lado da irmã gêmea.
De repente algo passa correndo pelas pernas das crianças indo em direção a cozinha.
Era Sardinha, o gato da vovó, o mesmo que as crianças disputavam para fazer carinho.
— Vocês jogaram bichinhos de pelúcia na água! E deixou a priminha triste com isso!
— Chega de brigas! O mal de vocês é fome. Venham chamem seus primos também, não quero ouvir mais nenhuma discussão. Entenderam?
Os dois pequenos apenas de olharam tristes.
— Agora peçam desculpas um pro outro e deem um abraço.
— Desculpa.
— Desculpa.
Eles se abraçaram em frente a mãe.
— Maravilha, peçam desculpas para os priminhos também e venham almoçar.
Os dois irmãos correram até a beira da pequena piscina que havia no quintal e começaram a falar com seus primos de uma maneira animada. Afinal de contas era domingo, estava na hora do almoço e era o almoço da vovó. Não tinha motivos pra discutir mais nada.