Um Natal de Luz no Lar da Serenidade
O Lar da Serenidade, uma casa de repouso acolhedora no coração da cidade, preparava-se para o Natal com todo o carinho. O cheiro de pão de mel e rabanada invadia os corredores enquanto a árvore de Natal era decorada com enfeites feitos à mão pelos moradores. Cada detalhe era especial: as luzes piscantes, o presépio montado com cuidado e as guirlandas enfeitavam as portas dos quartos.
Dona Amélia, uma senhora de cabelos brancos e olhar doce, liderava os preparativos. Ela havia sido professora de artes e sabia transformar qualquer pedaço de tecido ou papel em algo mágico. "O Natal não é só sobre presentes, mas sobre o amor que colocamos em cada gesto", dizia enquanto ajudava a pendurar estrelas douradas feitas de papel reciclado.
Os outros moradores também tinham suas funções. Seu Geraldo, ex-porteiro, organizava os convites para a festa natalina. Dona Celina, uma antiga pianista, ensaiava canções natalinas com o pequeno coral formado por funcionários e visitantes. Até o senhor Augusto, conhecido por seu mau humor, ajudava com as luzes de Natal, embora sempre resmungasse: "Essas luzinhas dão trabalho demais!"
Na véspera do Natal, o Lar da Serenidade foi tomado por uma atmosfera mágica. O salão principal estava repleto de familiares, crianças voluntárias e moradores, todos reunidos para celebrar. As luzes foram apagadas e, no centro da sala, uma vela foi acesa. Dona Amélia, com sua voz suave, disse:
"Essa chama representa a luz do Natal. Que ela aqueça nossos corações e nos lembre da importância de estarmos juntos."
Então, o coral começou a cantar Noite Feliz. Enquanto a melodia ecoava, lágrimas discretas escorriam pelos rostos de alguns moradores, relembrando outros natais e tempos passados.
De repente, as portas se abriram e, para surpresa de todos, entrou um grupo de jovens voluntários vestidos como Papai Noel e seus ajudantes. Eles traziam presentes para cada morador, cuidadosamente escolhidos de acordo com os desejos que haviam escrito semanas antes. Para Dona Amélia, um conjunto de tintas. Para Seu Geraldo, um álbum com fotos de sua juventude. E, para o rabugento Augusto, um novo jogo de cartas.
A noite terminou com abraços, risadas e histórias compartilhadas. No coração de cada um, uma certeza: o verdadeiro espírito do Natal não está nos enfeites ou nos presentes, mas na união e no amor.
Quando todos se recolheram, Dona Amélia olhou pela janela para o céu estrelado e sussurrou:
"Obrigada, meu Deus, por mais um Natal cheio de luz."
O Lar da Serenidade, naquela noite, foi um pedacinho do céu na Terra.
Neste Natal, celebramos o verdadeiro espírito da união, amor e cuidado. Que a alegria compartilhada entre gerações inspire esperança e gratidão em nossos corações. Feliz Natal!
Helena Bernardes
14/dez/2024