Magnétika- cap. XXIV
Magnétika- Cap. 24
Com essas recomendações de meu pai, voltei à livraria para o trabalho. Lá vi o poeta, que tomava um café com um livro nas mãos. Falei a respeito de minha decisão de estudar Letras Clássicas , da reação de minha mãe e de posição conciliadora de meu pai.
-Puxa, ainda bem que seu pai é compreensivo-disse, tomando um gole de café- minha família não admite que me dedique à poesia; querem que faça algo que dê futuro, como Administração; meu pai já tem um posto para mim em sua firma.- Deu uma pausa- Mas eu não quero isso- disse com voz desesperada. Como vou viver fazendo aquilo que não me apetece?
- Eu sei o que é isso- eu disse.
-Ah...mais uma coisa! Veja essa poesia!
Eu olhei e vi que eram versos dedicados a mais uma musa. Era comum eu ler aqueles relatos amorosos e de certa forma chorosos. Ai de mim, mais uma vez! Bati os olhos e disse, decidido.
-Está bem; você escreve esses versos todos, mas...nunca os enviou a suas musas? Por que não se declara? Fale diretamente com sua musa...ou musas!
-Mas...não tenho coragem!- Disse , balbuciando.
-Ah, não, você vai ter que se decidir; não vou ficar lendo isso toda hora; tome uma decisão ; eu falo com ela.
Ele tremeu como uma vara, o rosto se avermelhou. À parte suas habilidades poéticas, pouco tinha de habilidade no trato humano; usava seus óculos e tinha as costas curvadas, além da altura acima da média para a idade. Por fim , concordou:
-Está bem; amanhã, na escola.