O Valor de Cada Passo

Joana sempre foi apressada. Vivia com a sensação de que o tempo era um inimigo a ser derrotado. Corria para cumprir prazos, para chegar mais rápido, para não "perder tempo". Mas, no fundo, sentia que algo essencial estava escapando entre os dedos.

Um dia, em uma tarde como outra qualquer, ao sair do trabalho, tropeçou em uma calçada mal feita. Não foi uma queda grave, mas o suficiente para torcer o tornozelo. A dor era incômoda, e, pela primeira vez, foi forçada a caminhar devagar.

No início, era uma tortura. Ver as pessoas passando, o trânsito fluindo, o mundo girando enquanto ela, lenta, parecia parada. Mas, pouco a pouco, algo começou a mudar. Percebeu os rostos apressados ao seu redor, cada um carregando sua própria pressa e peso. Reparou nas árvores, no canto abafado dos pássaros que sempre ignorava, e até na textura das calçadas que antes desprezava.

Forçada a parar, começou a notar detalhes que nunca havia valorizado. O sorriso do padeiro, o aroma do café fresco, a simplicidade de um pôr do sol que tingia o céu de laranja e roxo.

Quando seu tornozelo se recuperou, Joana continuou a caminhar devagar, não porque precisava, mas porque queria. Descobriu que a vida não está nos grandes eventos ou nas conquistas que corremos para alcançar. Está nos passos que damos no caminho.

A lição ficou para sempre: às vezes, é preciso tropeçar para aprender a andar.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 17/11/2024
Código do texto: T8198743
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