JUNTOS

Dormir na mesma cama com Cecília. No escuro, brigas e desentendimentos são esquecidos. Aldo gosta de abraçar Cecília pelas costas. Aldo então abraça Cecília bem forte. Tudo é bem amplo. O abraço acontece e, de repente, Aldo percebe que o abraço está dentro de um sonho. Tudo foi um sonho. Foi um delírio, embora agora, na realidade, o abraço aconteça. É um ato de união e aconchego. Aldo se sente confortável, porque Cecília permite o abraço. Não há desentendimentos. Os dois nasceram um para o outro.

Aldo abraça a esposa e subitamente percebe: aquela companhia também foi um sonho e é terrível acordar assim, mesmo que o verdadeiro abraço esteja se iniciando agora. Dois corpos que permitem a existência um do outro. Finalmente aliados depois de tantas brigas que ocorrem por causa de uma rotina perversa. Aldo sabe que Cecília também o ama. Aldo poderia levantá-la. Poderia beijar a sua nuca. Poderia cheirar seus cabelos. Poderia, mas não surge o carinho porque tudo novamente foi um sonho.

Por que tantos sonhos e espaços para o abraço que está finalmente ocorrendo? Aldo talvez esteja muito cansado e o ritmo talvez venha e volte e venha e volte e venha e volte...até que Aldo percebe finalmente: tudo foram apenas tentativas oníricas. Ele está em um canto da cama e Cecília dorme bem do outro lado. Estão absolutamente distantes.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 17/11/2024
Reeditado em 18/11/2024
Código do texto: T8198561
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