A Chave Perdida

08.11.24

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A chave estava jogada no chão daquela calçada, na qual ele passava diariamente.

Intrigado, começou a pensar de quem seria.

Não era uma chave comum, com seu corpo dourado sem dentes, mas com ranhuras e pequenas bolinhas de metal, douradas também, com a aba para segurá-la em plástico preto, muito parecida com as de veículos, ou de fechaduras de segurança . Não havia qualquer identificação ou marca que pudesse saber a sua origem.

-Como uma chave como esta está jogada no chão? – pensou, enquanto passava por ela.

Os dias se passaram, a chave seguia ao tempo naquela calçada fria e

suja, e ao vê-la, ia matutando como seria a pessoa que a perdeu.

Arquitetava inúmeras hipóteses, algumas concordava, outras não, e assim

seguia com especulações e deduções sobre aquela enigmática chave. Estava

gostando de encontrá-la.

Um dia, chegava perto dela, quando a frente, viu um menino indo

com a mãe para a escola, pegando-a do chão. A mãe o repreendeu, dizendo

para não pegar nada do chão, pois era sujo e provocava doenças.

O menino, não se dando por vencido, disse para mãe, feliz:

-É a chave do carro que eu vou comprar, mãe! Olha como ela é bonita,

dourada! E será a cor dele, cor de ouro! – olhando-a com olhos arregalados

e largo sorriso nos lábios, feliz com a conquista. Sua imaginação fértil

flutuava com ele pilotando um possante bólido dourado.

-Para com besteira, moleque, imagina você ter um carro dourado. Joga fora

essa chave, já! – acordando-o do seu sonho dourado.

O menino, desenxabido, jogou-a novamente no chão.

Ele acompanhou todo o episódio, e torcia para que a chave tivesse um fim,

pois continuando ali, deixava-o inquieto.

Seguiram semanas, e a bendita chave não encontrava o seu destino. Ele

ficava sempre na expectativa de ver se ainda estava lá, ou não, perdida no

chão.

Um dia, saiu de casa já pensando em encontrá-la no mesmo lugar, e qual

não foi a sua surpresa: não estava mais lá!

Nervoso, começou a procurá-la por todos os cantos, canteiros, jardins,

sarjetas, quando um homem, vendo-o aflito, veio e perguntou-lhe:

-O senhor perdeu alguma coisa?

Surpreso, e sem graça, respondeu:

-Não, nada importante.

-Tem certeza? Pelo seu desespero, deve ser muito importante, ao meu ver. Posso ajudá-lo?

-Agradeço-lhe, mas pode seguir o seu caminho tranquilo, não é nada importante mesmo, obrigado - disse-lhe sorrindo envergonhado.

-Está bem. Boa sorte! – deixando-o na procura.

Ele parou por instantes, pensando em quão envolvido, ou obcecado estava

com aquela chave, que não percebera que seus atos e ações eram de quem a

perdera de fato.

Aonde estaria a sua chave?

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 08/11/2024
Reeditado em 08/11/2024
Código do texto: T8192737
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