O PORTUGUÊS DA PADARIA
Grande, sortida, movimentada. Vendia pão todos os dias, abria de domingo a domingo, das 6:00 às 19:00 h, fizesse chuva ou sol. Além dos saborosos pães, tinha amplo estoque de broas, bolos, bolachas, cuques, croissants, petit fours e outras massas.
A freguesia, em bairro de alto poder aquisitivo, era muito boa, e sob a direção do proprietário, o português Sr. Joaquim da Luz, o comércio ia de vento em popa, com a ajuda de alguns empregados. Bem sucedido, além de administrador eficiente, Seu Joaquim trabalhava incansavelmente. Porém, nem tudo eram flores, sua saúde começou a dar sinais de não estar bem. Indo a um médico, descobriu uma séria insuficiência cardíaca. Apesar dos cuidados com a dieta, moderação nas atividades físicas e ingestão dos remédios conforme prescritos, piorou e veio a falecer em pouco tempo.
Dona Arminda, sua esposa, que não ajudava o marido na padaria, e ocupava-se tão somente da casa e dos dois filhos no ensino médio, teve que assumir o negócio sem estar preparada para isso. Logo após o funeral, tratou de pensar em um plano para não descontinuar a atividade do marido, que era o ganha pão da família.
Chamou os funcionários e conversou com eles, pedindo-lhes sua ajuda para não demití-los e continuar com o negócio. Levantava-se às 4:00 da manhã, tomava seu café e deixava algo pronto para os filhos e às 6h já estava abrindo a padaria e ajudando na confecção dos pães.
A rotina da portuguesa Arminda, passou a ser pesada, de muito trabalho, porém não desistiu. Continuou produzindo tudo o que a casa produzia antes e ainda tinha serviço extra quando voltava ao lar à noite.
Os amigos e vizinhos que não acreditavam na habilidade da esposa do padeiro para manter o negócio, ficaram surpresos com sua determinação e sucesso.
A necessidade falou mais alto e como tinha fibra essa portuguesa!