Moço infeliz
Seu pai havia lhe pedido uma tela. Moço que estava iniciando na pintura, fazia peças estranhas e diversas caricaturas. As telas sempre com pessoas, uns com os olhos quase tortos e os demais com eles um pouco abaixo do outro. Uma tela cheia de coisas, nuvens, árvores, sangue, cabelo e olhos tristes.
-Filho, faça uma tela e eu pedirei para colocar no bar em que vou sempre - Seu pai, cachaceiro nato, seu fígado talvez tivesse evoluído, como sempre dizia o moço. Fez uma tela, demorou três dias, gostou, porém quando entregou ao pai, não recebeu elogio ou qualquer tipo de qualificação em que lhe inspiraria a repetir a dose. Bem, como já sabia, os leigos não entendiam de arte. Mas não podia pensar assim, não se via como artista, mas como pintor.
-É tá bom, levarei pro bar, obrigado filho! Ah, você tem que melhorar a caligrafia de sua assinatura! Cadê seu nome? - Pois é pai, lembrarei-me disso. - Triste, pensativo, sua mente já não era mais oficina do diabo. Pensava muito, bastante e demais. Aquela tela em que via defeitos e erros lhe fazia recordar dos três dias.
O pai do moço nunca a levou. A tela ficou atrás da porta e foi parar ao lado do guarda roupa, parcialmente visível aos olhos de quem ficar em frente a porta do quarto. Talentoso o teu filho! Inteligente! Lindo!