A MENINA

Aquela menina havia se tornado uma obsessão para ele. Desde que a vira, saindo da escola, não a conseguia mais esquecer.

Em casa, com a mulher e os filhos era ausente e distante: só tinha olhos e pensamentos para aquela menina que nem sabia o nome, nem onde morava.

O tempo passava e ele ia se convencendo que se, pelo menos, não conversasse com ela, ficaria louco.

No momento azado, a abordou.

Perguntou, de pretexto, onde ficava determinada rua. Ela, muito educada, lhe indicou.

E todos os dias, ele a perguntava sobre determinado endereço e ela lhe respondia prontamente. Perguntou se poderia acompanhá-la até sua casa. Ela disse que sim, sem perceber o perigo que corria.

Mas, o seu desejo aumentava a cada dia. E ao vê-la, assim tão perto de si, decidiu que iria sequestrá-la.

E realmente tentou o insano ato: a agarrou e ela tentou-se desvencilhar. Pessoas surgiram para socorrê-la e logo a polícia o prendeu.

Sua família ficou atônita, pois sempre fora um dedicado esposo e pai amoroso. De fato, não se entende. As pessoas quando tomadas por uma espécie de paixão obsessiva, não mensuram a consequência de seus atos. Prejudicam os outros e, sobretudo, a si mesmas.

2003

Hélder Sena de Sousa
Enviado por Hélder Sena de Sousa em 01/10/2024
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