DESTINO
Era um policial.
Exercia, determinado, a sua profissão. Todos, no distrito, o admiravam por sua dedicação, amor ao trabalho e à honestidade.
Por ser tão honesto, não galgara muitos postos na corporação. Mas, não se incomodava com isso: podia dormir sossegado à noite, com a consciência em paz, certo do dever cumprido e poder deixar um bom exemplo para seus filhos.
Havia, porém, uma coisa que o deixava inquieto: seu irmão era um famoso assaltante de bancos. Poucos sabiam disso.
Uma noite, houve um assalto num grande banco da cidade. Os ladrões foram descobertos e foram cercados pelos policiais.
Cientes de sua condição difícil pediram para conversar com um policial, pois queriam se entregar sem resistência.
Ele foi escolhido para negociar com eles, pois fora treinado para este tipo de situação.
Ao entrar, descobriu, que um dos ladrões era o seu irmão. Ficou desnorteado, mas soube ocultar.
O irmão, ao vê-lo, o abraçou. Fazia tempo que não se viam. Mas ele, permaneceu imóvel, distante e frio.
- Você está ainda nesta vida! – disse o policial.
- Faço o que gosto! Mas, você está aqui para me ajudar, não é? – respondeu o bandido.
- Aqui, não posso! Você é o bandido e eu sou o policial! O melhor é se entregar. – falou ele.
Um dos ladrões, ao ver aquela situação, perdeu o controle e começou a atirar.
Uma das balas iria atingir o policial, mas seu irmão ficou em sua frente. A bala atingiu o coração do homem, matando-o instantaneamente.
Os outros policiais invadiram o prédio, rendendo os demais assaltantes.
O policial se abaixou e, chorando, abraçou o corpo inerte do irmão.
Lembrou-se da infância distante, das coisas que faziam juntos. Nas brincadeiras, sempre muito parecidos: determinados e ousados.
Todavia, seguiram caminhos diferentes na vida: ele o da lei, seu irmão, o do crime.
2003