Noite de Temporal.
Noite de Temporal.
Muitos os relâmpagos lá na linha do horizonte. Vem tempo. Recolhi as linhas, juntei os troços e montei na moto. Estrada de chão. A tormenta me alcançou. Noite escura e debaixo de chuva, ali na beira do caminho o vulto de uma casa. Luz acesa. Bati na porta e alguém gritou:
-ENTRA.
Empurrei a porta, e entrei:
- Boa noite. Desculpa incomodar. Estou pedindo abrigo.
Quatro homens sentados em volta de uma mesa. Iluminado por um lampião. Estavam jogando cartas. Um respondeu:
- Boa noite. Estamos jogando a Primeira e tomando Jurupiga... Aí ao lado tem um galpão. Empurre a porta...
Entrei para o galpão. Esperei passar a chuva. Sai do galpão, olhei e vi que a casa estava as escuras.
Passados uns dias resolvi ir pescar. Pensei. Passei no Mercado Municipal e comprei uma garrafa de jurupiga. Um presente para o dono daquela casa, que me deu abrigo.
Casa velha, com jeito de abandonada. Fechada. Bati. Gritei. Um homem que vinha a cavalo parou e me avisou:
- Não mora ninguém. Tem mais de vinte anos. Morreram quatro homens aí dentro. Foi numa noite em que eles estavam jogando a Primeira e tomando Jurupiga...