Completando as Deficiências: Uma Nova Perspectiva
Hoje, logo após o jantar, pedi para o Paulo colocar o lixo para fora. Ele estava visivelmente cansado, com os olhos meio fechados de exaustão. Mesmo assim, concordou e se levantou. Mas ao sair da cozinha, ele deixou o saco de lixo ao lado da porta, em vez de levá-lo até o portão como sempre faz.
Fiquei irritada. Como ele poderia esquecer algo tão simples? Pensei no cheiro que o lixo faria se fosse deixado ali durante a noite, e comecei a sentir o incômodo crescer dentro de mim. Fui atrás dele e, para minha surpresa, encontrei-o adormecido no sofá, ainda de sapatos, com as mãos cruzadas sobre o peito.
Minha primeira reação foi de frustração. “Sério, Paulo?”, pensei comigo mesma. Ele não só não levou o lixo, como também nem tirou os sapatos! Eu queria acordá-lo, lembrá-lo da promessa que fez. Mas, enquanto me aproximava, algo dentro de mim me fez parar.
Olhei para ele, e naquele momento uma voz interior sussurrou: "Lembra do dia pesado que ele teve." Paulo havia saído cedo naquela manhã e trabalhado sem parar até o fim da tarde. Ele chegou em casa exausto, mas mesmo assim, se dispôs a me ajudar, mesmo que de forma incompleta.
De repente, minha frustração começou a dissipar. Eu me dei conta de que aquele cansaço era resultado do esforço que ele fazia para nos sustentar, para garantir o bem-estar da nossa família. Em vez de reclamar, eu poderia ajudá-lo a descansar.
Voltei para a cozinha, peguei o saco de lixo e o levei até o portão. Quando voltei, cobri Paulo com uma manta e tirei seus sapatos, deixando-o confortável. Sentei-me ao lado dele por um instante e senti um calor suave em meu coração. Entendi que o casamento não é sobre esperar que o outro sempre acerte; é sobre entender quando ele está esgotado e preencher o que ficou faltando.
Na manhã seguinte, ao acordar, Paulo me agradeceu por cuidar de tudo. Eu sorri e, em silêncio, agradeci a Deus por me lembrar de que o amor se expressa, muitas vezes, nas pequenas atitudes — e, especialmente, na paciência de entender e completar as deficiências um do outro.