À procura dos umbus

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À procura dos umbus

A boca cheia de água por lembrar dos umbus de Serrolândia. A cidade ficara distante na estrada empoeirada. O chão que suportara a velocidade do ônibus aumentara as medidas da distância. Decidiu procurar umbu para chupar, fazer umbuzada e suco. Iria sair em peregrinação em busca da fruta desejada. Ela tornara-se como a fruta do pecado, era um desejo maior que seu controle. Iniciou a busca pela Casa do Norte da Rua do Vale de Setim há mil passos de sua casa. Encontrou uns últimos umbus esmagados e já sem presto para nada. Ficou mais animado, se encontrou os últimos perto de casa foi pelo fato de ter demorado de ir buscar os melhores, outras pessoas chegaram antes. Apressou então o passo para ir mais rápido por aí para encontrar a fruta antes de outros comprarem.

Nas roças de Serrolândia os umbus se perdiam nos pés. Os donos das terras não davam vencimento. Os porcos já não queriam mais comer das frutas. Eram em demasia. Por mais que as mulheres invadissem os terrenos para pegar umbu para vender, elas não conseguiam catar muitos que ficavam pelo chão. Quando chegavam já havia muitos estragados e outros já comidos pelos animais, pelos roedores e pelas cobras.

Ao dobrar a Avenida Boturussu quase foi atropelado por um caminhão, ainda sentiu um pequeno impacto na perna quando terminou, rápido como Mercúrio, de retirar seu corpo da frente do veículo. O susto foi maior que o acontecimento. Teria chegado ao fim da vida se trombasse com o FNM barulhento e fumacento. Arfou ao lembrar de seus filhos e sua mulher, eles estariam órfãos e ela viúva. Suou forte e procurou sair imediatamente do lugar ao perceber que outras pessoas se assustaram com o que iria acontecer e olhavam para ele. Sentiu vergonha, muitos olhares eram de reprovação pela sua displicência ao atravessar a Avenida.

Quase havia se esquecido, estava nessa peregrinação para encontrar umbu. Se tivesse morrido, os umbus se perderiam lá na sua velha Bahia e ele já não teria o desejo tão forte ou nenhum desejo, se é que o desejo morre com o corpo. Entrou na lanchonete em frente da esquina, pediu um refrigerante bem gelado e sorveu o líquido, principalmente para aliviar o calor que o acompanhou depois do acontecido.

Depois de ficar sentado perto do balcão para descansar um pouco, retornou à sua peregrinação umbuzeira. Os umbus bem valem uma busca pelas ruas paulistanas. E lá foi ele ainda pelo Ermelino Matarazzo adentro. O burburinho da rua com vozes confusas parecia lhe dizer que alguém apregoava: “Olha o umbu! Olha o umbu! Umbus verdes! Umbus maduros! Comprem umbus!”. Virou-se. Parou. Prestou a atenção. Procurou de onde vinha a voz. Olhou para todos os lados. Não havia ninguém vendendo umbus. Então foi uma voz que estava lá dentro dele, desde os tempos que ouvia alguém vendendo na cidade de Serrolândia?! Mas nunca comprara umbus em Serrolândia, eles estavam maduros nos próprios caminhos, nem mesmo os porcos queriam, a dado tempo, comê-los mais, já havia enjoado seu paladar de tanto saborear a fruta.

O umbu é nativo do semiárido. Fruta da terra seca, cítrica, com árvore resistente, galhos espiralados, espinhentos, entrelaçados. Ele é apreciado pelos animais do ambiente, gado, porco, carneiro, galinhas, cobras, lagartos, pequenos roedores. Todos provam de seu doce e seu acre, todos se aninham embaixo da sombra do umbuzeiro. Dá abundância ao sertão quando chove.

No entanto, a peregrinação umbuzenta em terras paulistanas prosseguia e ainda Ermelino Matarazzo via essa saga. Foi na Casa do Norte e na Casa do Norte Real na Avenida Boturussu, procurou na Casa do Norte Estação, na Avenida Paranaguá, na Casa do Norte Praça 11, na rua Rev. Álvaro Réis, Casa do Norte Estrela, na Avenida Olavo Egídio de Souza Aranha, Casa do Norte Chico Garrote e Adnaldo, na rua Luiz Corró e até no Restaurante Rainha do Ermelino, na rua Abel Tavares. Em nenhum desses lugares encontrou umbu.

Ermelino Matarazzo abrigava muitos que vieram das terras do umbu, torrões secos e duros onde o umbuzeiro aprendeu a conviver com a estiagem. Um pouco de chuva e a fruta caía profusamente dos pés e inundava o solo com seus esverdeamentos ou amarelamentos. Nem em todo o lugar de vender coisas dos nordeste e norte encontrou o fruto da Spondias tuberosa L., esse é o nome científico do umbuzeiro.

Resolveu ir para São Miguel Paulista, um dos bairros paulistanos onde há mais nordestinos em São Paulo, especialmente baianos. Perambulou pela Casa do Norte Nova Vida, na Avenida Pires do Rio, na Casa do Norte Osmar, na rua da Polka, na Casa do Norte Savoy, na Avenida Osvaldo Valle Cordeiro e Casa do Norte JG. na Avenida Achiole da Fonseca. Procurava umbu e dizia que não tinham, porém tinham doces de bananas na palha seca da bananeira, biscoitos palitos, bolachas de coco, bolachas d’água, bolachão, doces de buritis na palha, doces, doces, doces e havia caranguejo, mocotó, buchada de bode, baião de dois, comidas, comidas, comidas. Até encontrou polpas de umbu, mas a fruta não havia.

A antiga igreja de São Miguel Paulista, do antigo aldeamento indígena, estava aberta. Alguém tocava um órgão ou ensaiava lá dentro. Só havia duas mulheres ajoelhadas, rezando, dentro da igreja. Entrou nela, lembrou de sua mãe, já velhinha, que rezava sempre na igreja São Roque, igreja matriz de Serrolândia. D. Maricota só não ia à missa, às novenas, às rezas e às reuniões da igreja quando estava sem andar, de cama, devido a suas dores nas juntas. Teve saudade dela, ajoelhou, rezou por sua mãezinha querida. Ficou ali rezando e ouvindo a música. Rezou também para encontrar umbu. De certo, pediria para D. Maricota mandar do Serrote, mas o desejo enorme não o deixava esperava a fruta chegar do torrão natal. Precisava dele imediatamente.

Na sua boca sentiu o gosto do umbu e o seu cheiro exalou dentro da igreja. Parou a reza. Levantou-se assustado. Olhou para todos os lados, apurou o olfato para sentir de onde vinha o odor. Era de umbu. Estava próximo ao altar, caminhou firme para o início da igreja e percebeu uma porta ao lado. Este cheiro não poderia estar perto de São Miguel, só poderia estar com alguém ao lado da portinha lateral. Caminhou até lá, tão rápido que quase correu. Olhou em todas as direções, não havia ninguém, só o som de crianças ensaiando um coral. Porém, o cheiro persistia perto do Santo Padroeiro. Foi perto da imagem, olhou, procurou e só estava mesmo o cheiro do umbu, não havia nenhuma fruta sequer.

Não entendia aquela mensagem de São Miguel, procurou descobrir o que o santo queria lhe dizer. Rezou de novo pedindo explicações, pôs sua mente para associar pensamentos, para decodificar a mensagem olfativa e fazê-la clara na sua alma. O cheiro cessara. Não havia mais nenhum sinal de umbu por perto. Quem apareceu foi a senhora incumbida de fechar a igreja pedindo-lhe que saísse da casa santa para cerrar as portas. Lá dentro ficou o santo, sem mais transmitir nenhuma mensagem, emudecido. Suas grandes asas abrigavam o vento, o cheiro, a saudade e de igual forma o silêncio. Distante tudo isso estava agora quando voltou à peregrinação pelo bairro de São Miguel. Na Avenida São Miguel não sabia se tomaria a condução de volta ao Ermelino Matarazzo, para ir até Itaim Paulista, ou se iria em direção à Penha para continuar a peregrinação pelas casas do Norte ao redor da Avenida.

Queria saber que horas seriam, lembrou que não estava nem com relógio nem com celular. No desejo de encontrar umbu saíra sem esses marcadores importantes do tempo. Já quatorze horas, afirmada pela mocinha que somente olhava a tela do celular e respondeu à sua pergunta sem olhar para sua face e com uma impaciência de quem diz que ele estaria atrapalhando sua conversa no whatsapp. Lembrou que não tinha fome só de umbu, necessitava alimentos comuns do almoço: feijão, arroz, salada, batatas fritas, carne bovina, frango, peixe ou carne suína. Num restaurante pequeno bem próximo uma placa anunciava que havia carne de bode. Dirigiu-se para lá e pediu o prato de carne de bode assada. Arriscou perguntar se tinha umbu ali, tendo carne de bode, poderia ter umbu. À resposta negativa, esperou seu bode assado pensando em qual rumo tomar depois dali.

O bode assado estava divino. No entanto, não era tão saboroso quanto o bode que comera à beira do rio São Francisco nas margens do lado de Juazeiro e do lado de Petrolina. Foi um bode assado com sua carne sequinha de gordura e como uma salada de tomates verdes temperada com sal e vinagre na medida certa do gosto, semelhante à salada de tomates feitos por sua avó, Zefinha, lá na Serrolândia há cinco horas de Juazeiro. Nessa casa do norte havia também surubim, um dos pratos mais requisitados das margens do São Francisco em Juazeiro/Petrolina. E os umbus? Será que teria que fazer uma viagem só para chupar umbu? A sobremesa foi um doce de licuri com rapadura, iguaria talvez só encontrada nas regiões próximas a Jacobina, onde estava Serrolândia.

Teve saudade de comer um punhado de licuri. Havia esses coquinhos na casa do Norte ali, porém estava com aspecto de que já estavam ardidos e não quis comê-los nesse estado. Já lhe era muito ter saudade de paladar de umbu e não iria agregar mais uma saudade. A água encheu-lhe a boca novamente mesmo depois de já haver almoçado. É que um bode degustado em São Paulo, por mais que tivesse saboroso, não era a mesma coisa que um bode saboreado no sertão da Bahia.

O sono lhe bateu de repente e quis fechar as pálpebras. Lembrou-se de sua rede em casa. Teria que se comunicar com sua esposa, Luciana. Não avisou que não iria almoçar em casa. Estavam todos esperando por ele. Mesmo assim resolveu retomar sua peregrinação por umbus. Sua esposa estaria desejando que ele voltasse para casa e dar retorno outro dia à sua procura umbuzenta, porém seu paladar não lhe arrefecia o desejo e foi São Paulo afora, de casas em casas do Norte procurar a fruta cítrica.

Mas, pronto o dever de voltar lhe amarrou e pegou o ônibus em direção à sua casa. Não quis deixar os seus preocupados. Saíra sem celular, voltava para casa para depois empreender novamente a peregrinação suplicante de umbus. À chegada, ao cumprimentar Luciana, esta sentiu seu corpo com febre e ele começou a sentir vontade de descansar. Deitou-se à cama e logo o sono e sonho onde se serviam umbus de todos os tipos, umbuzadas e sucos de umbu.

Seu dia de folga terminara sem ter nem visto os umbus e o domingo raiou sentindo dores no corpo e tossindo muito. Estava com febre, a febre estava bastante alta e teve delírios ao ver umbus em todas as partes e pedia umbuzada constantemente. Sentiu calafrios boa parte do dia de domingo e pedia umbu nos delírios febris. Os seus achegados ficaram preocupados e decidiram procurar umbus para ver se melhorava. Quem podia saiu à procura da fruta do umbuzeiro espinhento.

Seu primo providenciou uma solução provisória, pediu à sua sogra que fizesse aquela pamonha saborosa que sabia fazer, procurou um licor de jenipapo e um bolo de puba na casa do Norte Dom Bosco Itaim, na rua Barão de Alagoas. Levou-lhe esses acepipes, conversou e convenceu que todas essas guloseimas seriam para que se recuperasse um pouco até que conseguissem encontrar os umbus o que não demoraria a ocorrer pois todos estavam empenhados na captura dos umbus. Saboreou a pamonha, elogiando-a como uma das pamonhas mais deliciosas, já que foram feitas por mãos detentoras da sabedoria pamonhenta e feita com o objetivo precípuo de consolá-lo da falta dos umbus. Com o bom gosto das pamonhas, o bolo de puba e o licor de jenipapo se tornaram mais especiais ainda no seu paladar. Depois de sorver o licor recobrou um sono reconfortante e calmo, porém, no seu sonho ainda aparecia as umbuzadas.

Ao dormir suou cântaros e deixou os lençóis da cama ensopados de tanta transudação, no entanto, o descanso era profundo, respirava forte e deixava transparecer que se recuperava do mal-estar. Sua esposa pensava: Nossa Senhora, umbus são para dar prazer e não provocar padecimento! Contudo, lembrou-se que quando muito se chupava os dentes se embotavam e concluiu que ao mesmo tempo umbus incomodavam. Lembrou-se também das frutinhas azedas por demais e as travosas. Refletiu que, além do mais, seu marido estava assim pela falta dos umbus e não por tê-los visto ou ingerido.

Pensou depois disso que essa história já estava indo longe demais, não era esperado e nem aceitável que numa cidade como São Paulo, que tem tudo que existe no mundo, assim cria, não se ache nessa cidade em algum momento algum umbu para remédio. Remédio! Nunca havia pensado na vida que em alguma ocasião fosse pensar nessa fruta como um remédio. Pois era o que se dava agora.

D. Firmina apareceu com três umbus murchos, pequenos e daqueles que não estavam amadurecidos, no entanto, já estavam meio passados. Umbus muito ruins. Trouxe lavadinhos e deu ao acamado. Mal pôs um deles na boca, espirrou fora. Estava azedo demais, intragável. Nem porco comia, até porco chiava. Viu o aspecto dos outros e não quis mais experimentar. Queria umbus carnudos, macios, maduros, doces. Que proveito havia em frutas azedas demais, insuportáveis ao paladar? O efeito foi contrário, tocar num umbu e sentir seu gosto, ainda que azedo, o fez desejar mais ainda uma fruta comestível. O desejo fora alimentado e jamais saciado. Que se procurasse a fruta, que se achasse.

No dia seguinte não quis e não conseguiu mais continuar na cama. Levantou-se, mesmo com a discordância de todos ao redor, tomou banho, vestiu-se e decidiu novamente sair pela Pauliceia desvairada à caça dos umbus e das umbuzadas. Dessa feita iria acompanhado pela sua esposa e pelo celular. Este tocou no momento da saída, ele atendeu, era seu patrão perguntando como estava de saúde. Respondeu que ainda estava doente e seu patrão o recomendou ir ao médico.

Decidiu ir para a zona norte da capital paulista. Se não havia encontrado a fruta na zona leste, quem sabe na zona norte teria mais sorte! Encontrou um pouco de umbuzada na Casa do Norte Cantinho Nordestino, na rua Ezequiel Freire, em Santana. A pequena quantidade de umbuzada só aumentava seu desejo para chupar umbus carnudos, doces e acres. Um senhor na Casa do Norte Cantinho Nordestino lhe informou que, na rua do lado havia mais umbuzadas na Casa do Sertão do Brasil. Caminharam para lá e solicitaram a iguaria sertaneja. Deliciavam-se com o líquido quando sua esposa gritou. Havia encontrado um fio de cabelo enorme dentro de seu suco e quase o engolira. Reclamaram do acontecido, não precisaram pagar os sucos e decidiram voltar à sua casa.

Chegando em casa, parou, pensou e decidiu. Comunicou à esposa que iria pedir férias ou uns dias de folga para ir à Bahia e lá chupar umbu na sua própria terra. Cansou de procurar a fruta e seus derivados pelas ruas paulistas e iria ao seu estado natal desfrutar dessa iguaria sertaneja.

O casal então decidiu partir juntos, sua esposa pensou que poderia deixar seus filhos com sua irmã, um casal de meninos. No entanto, da escola veio a triste notícia, seu filho mais novo quebrou o braço e já havia sido levado ao hospital. Os médicos lhes comunicaram que seria necessário uma cirurgia para reparar o dano no osso. Estava assim adiada a viagem à Bahia para buscar a fruta esférica esverdeada. Sua esposa o aconselhou até a esquecer os umbus e as umbuzadas. Tudo isto estava sendo muito desgastante.

Esqueceu por um tempo os umbus. Afinal, seu filho era muito mais importante. Iria se dedicar a cuidar da criança. Os cuidados de pai sempre foram sua prioridade sempre. Ser responsável por pessoas que vem ao mundo é um bom sentimento com uma extrema responsabilidade. Foi obrigado a esquecer a fruta baiana para assistir seu filho. No entanto, ocorreu um fato novo. Quando seu filho estava delirando por causa da anestesia para voltar à consciência desperta, começou a falar em umbus: “Meu pai quer chupar umbus e tomar umbuzadas. Eu também quero chupar umbus e tomar umbuzadas. Eu também gosto muito da fruta da Bahia. Traz, pai, traz, mãe, os umbus para mim também. Preciso tomar as umbuzadas como eu tomava lá na Bahia quando fomos de férias passear na casa da Vovó.”

Por esse fato, pensou que essa coisa de vontade severa de chupar esse cítrico já estaria talvez provocando mais transtornos nos seus próximos que gostaria que provocasse. Determinou a si mesmo controlar seu desejo do paladar, com o propósito até de falar poucas vezes ou deixar de falar completamente sobre esse anseio forte, pelo menos na presença de seus filhos. Com sua esposa poderia até dividir um pouco mais suas aflições, porém decidiu poupá-la disso muito mais.

Essa sua determinação não se concretizou, pois de fato e intensamente seu filho tomou para si próprio a vontade paladinesca de principalmente sorver o suco cremoso de um dos maiores componentes particulares da citricultura do sertão da Bahia de onde eram seus pais. Para surpresa de todos ao redor, seu filho não o deixaria esquecer do fruto do umbuzeiro e então numa das noites nas quais passou com seu filho no hospital, dormindo numa cadeira reclinável, sonhou com seu nascimento. Nascera debaixo do pé de umbu da Fazenda Águas Limpas, porque sua mãe não chegou à casa, ainda que bem perto, e já estava chorando por sentir a claridade da luz do mundo nos seus olhos, incomodando sua pele e perceber que partira de si mesmo com a mãe para ser um ser próprio com as vicissitudes da vida fora da água primordial. Ao chorar, um umbuzinho novinho se abalou do pé e caiu-lhe na cabeça e apesar de continuar chorando até sentir o aconchego materno, em algum lugar de seu ser sentiu que essa frutinha o havia dado as boas-vindas à terra e estaria para sempre no horizonte da sua vida. Sonhou como se estivesse vivendo o seu próprio parto, como era sempre narrado por seus pais e muitas vezes com todos rindo do fato e até o chamavam às vezes de cabeça de umbu.

E assim o imbu adentrou até o hospital onde se encontrava seu filho. Este até nos seus delírios febris pedia a imbuzada da vovó baiana. O médico até ficou intrigado com essa vontade louca do menino de chupar umbu e pediu à nutricionista do hospital que, se possível, providenciasse umbus e se pudesse obter receita de imbuzada fizesse a espécie de suco para a criança. A mãe do menino logo se prontificou a ensinar a fazer a umbuzada. Milagrosamente, a fruta apareceu no hospital e nem a nutricionista sabia de onde viera. A notícia correu e uma porção de imbu apareceu na cozinha. Talvez por milagre de São Roque, que gostava de ambiente de hospital, pois era o santo protetor da peste.

Quando o garoto chegou em casa, depois da alta, soube que sua avó estaria de volta a São Paulo com muito umbu na bagagem para todos se deliciarem na casa e tomarem muita umbuzada. Serrolândia era longe, porém, era no mesmo país e havia ônibus para fazer a ligação entre as duas cidades. A avó chegou com tanto umbu em sacolas que logo a família sentou-se para aproveitar a fruta e chuparam tanto imbu que desbotaram os dentes. E D. Deralda foi cozinhar a frutinha para fazer imbuzada.

A umbuzada estava muito gostosa, parecia um suco de um sabor único que jamais o menino havia experimentado. Foi um motivo para reunir a família depois das saudades de D. Deralda, das buscas pelos imbus e de toda a dificuldade com a quebra do braço do neto.

Parecia que os problemas em relação ao fruto da Spondias tuberosa, no entanto, o filho de D. Deralda acordou um dia com muita febre e suando muito. Havia sonhado a noite inteira chupando umbu debaixo de um umbuzeiro em pleno calor do verão em Serrolândia com o sol ardendo suas têmporas. Sentindo calafrios, não havia coberta que diminuísse seu frio intenso. O que seria? Parecia que sofria de malária. Contudo, não se havia anunciado haver malária pela região, pela televisão ou rádios, veículos que noticiam os surtos de doenças virais. D. Deralda fez mais imbuzada para seu filho e diagnosticou. Para este mal a única cura seria ir para a cidade da Bahia e chupar umbu debaixo do pé onde nasceu. Foi assim toda a sua vida quando residiu na roça. Esse desejo havia voltado depois de tanto tempo adormecido, talvez distraído pelas lides da cidade grande.

Rodison Roberto Santos,

São Paulo, conto iniciado em maio de 2022 e ainda não concluído atualmente. Ele prossegue.

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Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 06/09/2024
Código do texto: T8145433
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