A última página

Os dias tediosos corriam sem parar, as noites tempestuosas não cessaram aos ventos a noroeste, Marilla uma jovem amante, poetisa e vanguardista passava os dias se dedicando a sua escrita e que bela era sua letra ainda mais os versos de seus poemas.

Apesar de não ser considerada a mais amada e sim amargurada pelos demais de seus arredores, afim de alguns até rumorejarem que ela era muda, pois para a dama nada era mais sincero do que as palavras escritas, então, não havia necessidade alguma de falar com sua voz que acreditava ser tão grotesca e conjugal.

Nunca se casou, por nenhum homem se apaixonou, vivia os finais de seus dias lendo e escrevendo era chamada de estranha, sua família tentou fazer com que se casa-se, porém de nada adiantou e sozinha prosseguiu sua vida cotidiana.

Marilla, a alma solitária em meio à tempestade, continuou a tecer os versos de teus poemas, cada palavra um grito silencioso contra a solidão que a consumia. As noites, suas aliadas, testemunhavam a dança de seus dedos sobre o folha, a tinta negra pintando um mundo interior rico e vibrante, em contraste com a monotonia exterior da vida.

Em uma noite mais fria que as demais, a tempestade rugiu com uma intensidade nunca antes vista pela cidade. O vento uivava como um lobo faminto, as árvores rangiam como se implorassem por piedade. Marilla, aconchegada em sua poltrona, sentiu um arrepio percorrer toda sua espinha, não de frio, mas de premonição sombria.

Com as mãos trêmulas, pegou sua pena e começou a escrever freneticamente, como se estivesse tentando capturar a essência daquela noite tão tumultuosa. Mas as palavras não fluíam como de costume, a tinta escorria em rabiscos ininteligíveis. Uma angústia profunda a invadiu, sufocando-a a cada batida de seu coração agora acelerado.

De repente, um raio cortou os céus, seguido por um estrondo ensurdecedor. A casa tremeu, e as luzes se apagaram. No escuro total, Marilla ouviu um ruído tenebroso, como se uma parte da casa estivesse cedendo aquele caos. O pânico a dominou, e ela tentou se levantar, mas logo tropeçou e se acabou

Quando a luz voltou, a cena era de desolação. Uma enorme árvore havia caído sobre a casa, destruindo o quarto onde Marilla escrevia. Sob os destroços, jazia seu corpo inerte, a pena ainda presa entre seus dedos, como se a morte a tivesse surpreendido no meio de uma frase inacabada.

Na tempestade da noite, a voz se calou para sempre. Sob a pena, um silêncio eterno adormeceu sobre a chuva, encerrando uma melodia inacabada. A notícia de sua morte se espalhou pela região, e muitos se sentiram culpados por não terem valorizado sua arte e muito menos singularidade. Mas Marilla já havia partido, já era cedo para tantos lamentos. E assim, a mulher que nunca se casou, que nunca foi amada, encontrou a paz que tanto almejava em meio à uma noite truncada. No papel encontraram os últimos versos escritos por Marilla: "Sob os escombros, a pena jaz sepultada,

Em noite sem vida, a tinta se dilui.", um epitáfio que resumia sua vida e sua obra.