UM AMIGO ESPECIAL
Tenho o privilégio de ter um amigo para lá de especial, ele torce pelo tricolor carioca, mas na realidade tem as três cores em seu âmago. Poderia até ser chamado de marciano, função de sua exacerbação pelo verde, sabe aquele sujeito que só pensa naquilo, pronto, definimos seu verde da esperança de dias melhores não para o meio ambiente, mas sim para o ambiente inteiro.
O vermelho vem de sua identificação com o social, em uma circunscrição onde se tem a nítida impressão que ocorreu um fenômeno que varreu o país, o derretimento da calota cerebral de parte significativa da população que participa do processo eleitoral no país.
E finalmente o branco respondendo pela paz de espírito que privilegia aquelas pessoas que buscam a união, mesmo num meio onde ele praticamente não passa de uma ficção social.
Esse João lembra em muito o famoso personagem Dom Quixote de La Mancha, alto, magro e de opinião, que quase beira a teimosia. Além disso, esse personagem de Cervantes tem em comum muita imaginação, fruto do incansável prazer da leitura, que muitas vezes leva esse tipo de pessoa a viajar no mundo real, como se estivesse encadernado dentro de um bom livro.
Sua convicção de um mundo melhor fica patente, quando se assiste essa figura longilínea em sua interminável batalha pelo verde, numa cidade que se caracteriza por um misto de cimento e asfalto, onde raras são as calçadas, e mesmos as existentes não permitem um caminhar livre, sem sobressaltos.
Não bastassem essas ações individuais, esse bem aventurado cidadão das terras capixabas já teve até uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN para chamar de sua, e se mantém a frente de uma ONG, que atira para todos os lados, desde que o alvo seja alguma alternativa verde, afinal, como todo marciano que se preza, é fiel a vida, para quem ainda não sabe, verde vem do latim “viridis”, cujo verbo correspondente “vivere”, significa viver.
Seu lado quixotesco fica em evidência quando convida amigos e conhecidos para caminhadas por locais inusitados, de onde pode se apreciar paisagens cinematográficas em locais que seleciona e se obriga antecipadamente a percorre-lo, às vezes em companhia de sua Dulcineia Del Toboso, outras com algum amigo disponível.
Nessas jornadas, que tanto podem ocorrer praticamente no quintal de casa, ou mesmo em outro estado ou país, o serviço é necessariamente completo, e isso pode ser entendido como uma espécie de recompensa do desgaste físico, não zerada pelo prazer emocional da aventura, busca sempre um lugar especial para relaxar, que necessariamente inclui saborosos quitutes, acompanhados por cervejas, que tanto podem ser artesanais, como as não preparadas com tanto esmero.
O circuito nacional de trilhas ganhou mais uma, que já se tornou parte do calendário de verão de Marataízes, a caminhada das falésias com seus 15 quilômetros a beira mar, que em 2024 completou sua 18ª edição, encerrada num tradicional bar pé na areia, com a apresentação de tradicional cantora capixaba e sua banda, que assistimos em mesas regadas a muita cerveja.
Há pouco iniciamos nossa trajetória de troca de livros e também de informação sobre autores preferidos, essa conexão literária promete!
Nesse sábado 24/08 fizemos uma maratona verdejante. O programa começou na visita a RPPN Mata da Serra, propriedade de um de seus irmãos, onde pudemos assistir ao processo de assistir papagaios de um grupo em extinção retornando ao seu habitat, acompanhado do canto livre de diversos pássaros que passaram pelo mesmo processo.
Na parte da tarde, depois de almoçarmos em Pedra Azul, partimos para o singular encontro entre a música da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo e a RPPN Águia Branca.
A mente agradece e como a essa sublime oportunidade.