Amanhecer

A cada manhã, o amanhecer prepara o seu espetáculo silencioso, um ritual que se repete com uma precisão que só a natureza consegue. Há muitos anos, quando o mundo ainda era jovem, dizia-se que o amanhecer era uma história contada pelos céus, um conto que começava a cada madrugada e se desenrolava diante dos olhos de quem estivesse disposto a escutar.

No coração da noite, quando as estrelas ainda cintilam no manto negro, o sol, escondido abaixo do horizonte, desperta suavemente. Ele ouve o chamado dos ventos que sussurram historias perdidas no tempo. Lentamente, ele se prepara para surgir, tingindo o céu de tons suaves de laranja e rosa, como um artista que mistura as tintas em sua paleta.

A medida que a escuridão começa a ceder espaço a luz, o mundo abaixo desperta também. As folhas das arvores sussurram entre si, como se estivessem contando segredos sobre o novo dia que esta por vir. Os pássaros, que aguardam impacientes a chegada de um novo começo. É como se cada ser vivo estivesse ansioso para ouvir a próxima parte da história que o amanhecer tem a contar.

A luz do sol, ainda tímida, começa a escorregar pelos telhados, atravessa as janelas e toca os rostos adormecidos, despertando aqueles que ainda sonham. Ela se infiltra nas frestas, invade os campos, aquece os rios, e, como um narrador cuidadoso, vai revelando os detalhes de quem está por vir.

Todos os dias, o amanhecer conta a mesma história, mas cada vez de um jeito diferente. As vezes, sua narrativa é tranquila e serena, com tons suaves que anunciam um dia pacífico. Outras vezes, ele surge com cores intensas, como se estivesse cheio de energia, pronto para enfrentar os desafios que estão por vir. Mas há também aqueles dias em que o amanhecer e cinzento e melancólico, como se carregasse uma tristeza que só os céus conhecem.

E assim, o amanhecer contínua sua jornada, dia após dia, recontando sua história para quem tiver a sensibilidade de ouvir. Cada manhã é uma nova página, cada raio de sol, uma nova frase, cada canto de pássaro, uma nova palavra. E, embora a historia seja sempre a mesma, ela nunca deixa de surpreender, porque o amanhecer, com sua infinita sabedoria, sabe que a verdadeira beleza está na simplicidade de se recomeçar, sempre, de novo.