A DESPEDIDA DE EUGÊNIO
Prólogo
Luciana, uma jovem mulher. Eugênio, um homem idoso. Eles se encontraram pela última vez numa tarde quente de um verão severo. O destino os separava, mas o amor que compartilhavam era mais forte que qualquer distância. Tal qual um balido de cordeiro Eugênio disse:
“Não sei como dizer adeus. Mas a vida nos leva por caminhos diferentes, e eu preciso seguir o meu.” – Luciana olhou nos olhos dele, tentando conter a tristeza. “Prometa que nunca esquecerá de mim,” – Sussurrou Luciana, com o olhar esgazeado nos olhos esverdeados. – (Nota deste Autor).
O SOFRIMENTO DE EUGÊNIO
Eugenio assentiu, com os olhos marejados, dizendo num sussurro plangente:
"É muito difícil para mim me mudar e deixar você aqui. Sei que as saudades serão imensas! De qualquer forma, saiba que sempre estarei à distância de uma ligação por sonho. Logo que me for possível venho para visitá-la!".
Continuou Eugênio: “Nunca a esquecerei. Você sempre será parte de mim. Sempre será minha querida Das Dores." – Luciana detestava esse apelido.
Eugênio tinha esse costume de trocar os nomes das pessoas. Nesse instante, o apito do trem ecoou estridente, anunciando a partida iminente, e Alzira, tia do Eugênio, gritou: "Você vai ou não vai, Eugênio?".
A PROMESSA DE EUGÊNIO
Eugênio segurou as mãos de Luciana, como se quisesse gravar cada detalhe na memória. Disse, soturno: “Até logo. Vamos nos encontrar novamente, em algum lugar além do tempo.”
E então, com um beijo suave na testa de Luciana, Eugênio subiu no trem. As rodas começaram a girar, e Luciana ficou ali, assistindo-o desaparecer na curva dos trilhos, na tarde abafada sem vento.
A CAIXA AZUL–TURQUESA
O último adeus foi doloroso, mas também cheio de esperança. Alguns anos depois, Luciana encontrou uma velha fotografia em uma caixa azul-turquesa empoeirada. A foto era Eugênio, sorrindo, os olhos brilhantes, sob o sol de um verão radiante e ardente.
Eugênio era assim, sorridente e confiante. Nada o perturbava. Seguro, Eugênio tinha resposta pronta para quase tudo e ele mesmo dizia: "Meu único defeito é ser humano.". As lágrimas da mulher de pele alva e macia vieram insossas, mas também um sorriso sutil como um esgar de dor.
Luciana amava e adorava aquele, às vezes, cretino pretensioso. Ela sabia que o amor deles transcendera o tempo e o espaço. Também sabia que saudade é o preço que se paga por haverem vivido momentos gratificantes e inesquecíveis.
CONCLUSÃO
E assim, em cada pôr do sol, Luciana olhava para o horizonte, imaginando se Eugênio estava fazendo o mesmo onde quer que se encontrasse. Ledo engano.
Eugênio desencarnou e agora trabalhava no plano espiritual mais do que quando habitava o mundo terreno. Ainda assim ele encontrava tempo e voava, tendo aulas diárias, no esplendoroso céu azul radiante.
O último adeus se transformara em uma eterna saudade, mas Luciana sabia que, de alguma forma, Eugênio ainda estava presente, mesmo estando noutra dimensão de luz, paz e cânticos celestiais.
Ele disse e certamente cumprirá a promessa. Sempre foi um homem de palavra certa: "Logo que me for possível venho para visitá-la!" – (Palavras de Eugênio).