A folha amarela

Uma folha amarela desprende-se da copa do salgueiro e é levada pelo vento rumo ao lago e um pássaro de espécie desconhecida, em voo rasante, consegue interceptá-la e apreendê-la com o bico. Logo em seguida, perde-a novamente para o vento que, desta feita, leva-a até sumir de vista, sentido ao descampado próximo à pedreira, em que se formou um redemoinho de proporções avantajadas, o qual se desfez assim que entrou em uma área arborizada.

 

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A folha amarela desprendendo-se do salgueiro introduz a ideia de transição e mudança, como se estivesse se libertando de suas amarras, rompendo seus limites.

 

O vento, que leva a folha, pode ser visto como uma força da natureza que representa o fluxo da vida, imprevisível e constante, ao qual estamos sujeitos em nossos cotidianos.

 

O pássaro, de espécie desconhecida, além de acrescentar um elemento de curiosidade e surpresa à cena, revela também a imprevisibilidade no contexto. Ele tenta capturar a folha, mas acaba perdendo-a novamente para o vento, o que demonstra certa fragilidade que, geralmente, cerca os momentos que tentamos segurar em nossas vidas — às vezes, mesmo as melhores intenções não são suficientes para manter algo que está destinado a seguir seu próprio caminho; nem tudo terá o final que tanto almejamos, aliás, de um modo geral, os resultados divergem daquilo que buscamos.

 

A jornada da folha termina em um redemoinho próximo à pedreira, ambiente e circunstâncias inóspitas, um local de desafios ou obstáculos.

 

O fato de o redemoinho se desfazer ao entrar em uma área arborizada sugere que, mesmo em situações de tamanha adversidade, a natureza tem a perspicácia de transformar e suavizar as turbulências, levando a muito bom termo os impasses que a acometem.