O ESTRONDO NOTURNO

Não sei que horas marcava no relógio, só sei que estava tarde, ainda não era madrugada, mas boa parte das pessoas normais dormiam, as outras, ou eram insones, ou estavam trabalhando, além das que maratonavam séries. De repente um barulho muito alto, parecia uma explosão, os que tinham sono leve acordaram assustados e os que dormiam mais pesado foram acordados pelo movimento que tomou conta da rua, um alvoroço só.

Todo mundo tinha um palpite para aquele estrondo, trovão, explosão de gás, batida, terremoto, mas não havia nenhum indício de nada disso, tudo parecia normal, a cidade estava em silêncio, nem sirenes de carros de socorro se ouvia, esquisito.

As pessoas foram se retirando aos poucos, voltando para suas casas, tinham que acordar cedo para trabalhar, ir à escola e outros afazeres.

Durante parte do dia seguinte o assunto foi o estrondo, quem ouviu comentava, quem não ouviu, que se assustava com os relatos. Foram cuidar das suas vidas e esqueceram do ocorrido. Na noite seguinte, outro estrondo, todo mundo na rua outra vez, fala daqui e dali, chamam a polícia e ela não tem o que fazer, vão todos embora e vida que segue.

E lá na rua de cima, o Juquinha ri de tudo, ele acabou de montar um som daqueles para tocar no Baile da Primavera e resolveu testar à noite, só para ver o alcance da potência. Seu amigo, o Dionísio, que mora há uns dois quilômetros dali, diz que o som chega lá limpo e perfeito... Ah, o estrondo é o primeiro acorde de uma música de uma banda de heavy metal, que eu não sei o nome, mas é um estrondo. Nos próximos dias ele pretende testar com o badalar dos sinos de uma outra música pauleira... Acho que vão pegar ele...

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 12/08/2024
Código do texto: T8127125
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