Desespero no Saguão de Desembarque
A última vez que senti algo parecido foi em uma mesa de bar. Agora, sinto o mesmo em um avião. Será pela aeromoça que, de costas, se assemelha a ela? Ou será apenas o tédio, a mente vazia? Gostava de estar sozinho; isso me permitia refletir. Era um momento de introspecção, quase meditativo. Mas desde que ela me deixou, no entanto, a solidão me traz uma angústia indescritível. É uma tristeza que beira o medo, deixando-me vulnerável.
Ela, de fato, preenchia um vazio que agora parece infinito. Poderia alugar uma dessas comédias baratas para assistir durante a viagem, mas tentar me animar não me confortara. Talvez, como naquela música dos Beatles cujo nome não lembro por causa dela, eu só queira que o ontem ainda existisse. Assim, poderia ao menos consertar as coisas. Sei que é hipocrisia, mas cogitar essa ideia me conforta, mesmo que por um instante. Entretanto, a realidade me atinge ao lembrar que o ser humano ainda não inventou uma máquina do tempo.
O piloto anunciou que estamos chegando ao terminal. Meu coração sangra ao pensar que ela não estará lá, esperando por mim. Ela sempre aparecia no saguão de desembarque com um sorriso, fazendo todo o cansaço da viagem valer a pena.
Pergunto-me se, em outras vidas, ela também não me abandonou. Se, em algum lugar, em algum tempo, ainda estamos juntos. Mas de que adianta cogitar outras vidas quando esta não me traz alegria?
Desembarquei e, como esperado, ela não está aqui. Embora o saguão de desembarque esteja lotado, sinto-me solitário. Estou desesperado. A bateria do meu celular acabou, e um dos lados do meu fone quebrou. Tento me concentrar em algo, mas meus pensamentos sempre voltam para ela.
O que está acontecendo comigo?