A Alegria Fugaz
07.08.24
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A estrada fugia aos seus olhos, como uma enorme cobra. Ele a observava absorto, como em todos os dias. Ia sentado virado para trás, na última poltrona do ônibus escolar, tendo o enorme vidro traseiro como sua tela. Era a volta cotidiana para casa.
As outras crianças faziam uma enorme algazarra. Ele, alheio aos colegas, era surdo ao barulho. A cada carro que se aproximava ou ultrapassava o ônibus, observava curioso as pessoas no seu interior, imaginando de onde vinham e para aonde iam.
Um carro grande e bonito chegou atrás. Viu, sentado no banco do carona, outro menino olhando a paisagem pela janela lateral, absorto em seus pensamentos, como ele!
Ficou olhando por instantes para o menino do carrão bonito, até que este voltou o olhar para o dele e sorriu. Ele retribuiu e acenou; o outro também. Eram iguais!
Então, o carrão saiu de trás do ônibus e o ultrapassou. O menino passageiro deu adeus, sorrindo.
Ele, ficou feliz pelo contato momentâneo.
Seguiu, na sua jornada diária e monótona, com o olhar absorto na estrada aguardando um outro carro que lhe desse uma nova alegria, mesmo que fugaz!