O Verdadeiro "Amigo da Onça"

Há alguns anos, conheci um cara que parecia muito gente boa e, naturalmente, começamos uma amizade. Mariano era educado e sempre me defendia, até de coisas irrelevantes publicamente. Sua postura e gentileza me cativaram e, com o tempo, passei a admirá-lo cada vez mais. Mariano sempre me agradava com presentes em épocas como o Natal, aniversário, e até trazia lembranças de outros estados quando viajava.

Com o tempo, apresentei Mariano a todos os meus amigos e familiares. Ele se integrou facilmente ao meu círculo social, sempre conquistando a todos com seu charme e cortesia. Usei meu prestígio de anos de trabalho para colocá-lo na mesma empresa em que eu trabalhava. Parecia um passo natural, dado o quanto eu confiava nele.

Certa vez, meu patrão mencionou a Mariano que eu estava prestes a ser promovido. No entanto, Mariano não só escondeu essa informação de mim, mas também fez várias críticas negativas a meu respeito, fazendo com que eu perdesse a promoção. Naquele momento, eu não percebi a traição, pensando que talvez não fosse meu momento.

Outra ocasião em que fui iludido pela amizade de Mariano foi quando falei para ele que iria comprar um carro que estava com um preço excelente. Disse que estava esperando para fazer um empréstimo e ele, aparentemente, me deu a maior força. No entanto, Mariano se adiantou e informou ao dono do veículo que eu ainda precisava do empréstimo. Em um ato covarde e oportunista, ele comprou o carro antes de mim. Quando me contou, disse que o vendedor tinha pressa e ofereceu a ele. Fiquei triste, mas disse: "Você é meu amigo, fico feliz por ter comprado."

Mariano sempre afirmava que eu podia contar com ele para o que precisasse. Embora nunca tivesse realmente precisado de sua ajuda, um dia meu filho estava muito doente e pedi seu carro emprestado para levá-lo ao hospital. Mariano disse que sentia muito, mas que o carro estava em revisão.

A situação mais dolorosa ocorreu quando uma funcionária começou a me assediar. Confuso e abalado, contei a Mariano, buscando conselho. Ele me tranquilizou, elogiou meu casamento e me aconselhou a resolver a situação calmamente. No entanto, ele contou tudo à minha esposa na primeira oportunidade. Isso gerou um grande problema: a funcionária foi demitida, fui repreendido pelo meu patrão e ainda fiquei alguns meses separado da minha esposa, que tanto amo.

A traição final veio por inveja do meu cargo na empresa. Mariano, juntamente com outros desafetos, sabotou meu trabalho. Fui despedido por justa causa, acusado de desonestidade, e Mariano assumiu meu cargo. Após isso, ele nunca mais quis amizade comigo. Só nesse momento difícil da minha vida é que caiu a ficha. Aos poucos, fui encaixando todo o quebra-cabeça da manipulação de Mariano, percebendo o verdadeiro caráter do "amigo da onça".

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 31/07/2024
Código do texto: T8119036
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