41- Coiseiras de Morro Seco: Bilhete.
41-Coiseiras de Morro Seco. Bilhete.
É que Xana não era morrosecana, ali apareceu falando que veio lá das bandas da Paraíba. Logo caiu de agrados pelo Zé. E o Zé caiu nos dengos da moça. Que nos modernismos de hoje em antes do namoro tem o “ficar”. Os dois ficaram e acabaram ficando.
Zé acordou foi é cedo e contou:
-Sonhei com o milhar que vai é dá na Loteria Federal...
Falou e correu lá ao Mercado do Bico e no Ponto do Bozó, comprou o bilhete inteiro.
-Oxe! Tá aqui a nossa sorte grande...
Num canto da sala um pequeno altar com a imagem de São Gonçalo do Amarante com a sua violinha. Colocou o bilhete em debaixo da imagem e falou:
-Vai fica, é aqui, pra garantir a sorte...
E foi que o Zé viajou a Salvador, coisas do seu trabalho. No dia de voltar para Morro Seco, e ali na Rodoviária de Salvador, lembrou que era o dia da loteria. Conferiu. Moço esse ficou é doido. E deu, e foi no primeiro prêmio.
-Xana! Xana tamos ricos...
Oxe, a casa vazia. O quarto revirado. No roupeiro não estavam as roupas de Xana. Foi a sala ver o bilhete debaixo do São Gonçalo. Ali o bilhete, da loteria não. De xana, um bilhete com uma palavra escrita: FUI.