Sinal de Demência

15.07.24

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Fiz um passeio de moto com amigo em um domingo , cada um com a sua. Percorremos cento e vinte e cinco quilômetros, na Rodovia dos Bandeirantes, até um posto de gasolina grande e muito frequentado por motociclistas, mais velhos!

Precisava fazer um teste com a minha moto, pois está com problema em uma sonda que verifica a mistura do combustível, cortando o motor em alguns momentos. Preciso trocá-la, mas o custo é bem “salgado”. Procurei na internet se havia algum aditivo específico para essa sonda e encontrei. Comprei e adicionei ao tanque para testar no passeio. Mas, não funcionou! Terei que trocar a sonda.

No posto, tomando café com pão de queijo, conversava com o velho amigo motociclista. Em dado momento, ele disse:

-Sabe que, às vezes eu esqueço as coisas, não me lembro onde deixei as chaves do carro, por exemplo?

-Pois é, eu também! Inclusive outro dia fui nadar de cuecas

-Bem aí é questão de avanço da idade, ou melhor : princípio de demência! – falou rindo.

-Pois é, estamos caminhando para isso, não?

-Sim, mas você vai ficar primeiro, pois os sintomas já estão se manifestando.

No dia seguinte, fui ao clube nadar. Caminhei da minha casa até lá. Entrei no vestiário, peguei uma toalha e um roupão, o clube fornece, e comecei a trocar de roupa. Mas, lembrei que o celular estava com a carga baixa. Tirei o carregador da mochila, sempre levo para essa situação, e fui ao balcão em que ficam os dois funcionários do vestiário, ligando em uma régua de tomadas.

-Vou deixar carregando enquanto nado – falei ao Yuri, o mais brincalhão deles , que respondeu em tom de gozação, rindo :

-Não vai esquecer, hein?

Voltei ao armário, vesti o roupão sobre a camiseta, iria nadar com ela para lavá-la, peguei o saco com os apetrechos de natação e fui à piscina.

O dia carrancudo estava se abrindo, com o sol surgindo e esquentando o meio da manhã. Na piscina, parei em uma raia, coloquei o saco com as tralhas sobre a baliza, e ao tirar o roupão para pular na água, qual não foi a minha surpresa: estava novamente de cuecas! Rindo comigo, falei surdamente:

-Não acredito! De novo de cuecas? Será que estou ficando demente?

Recoloquei o roupão e voltei ao vestiário para vestir a sunga. Ao entrar, Yuri vendo a minha cara de riso, perguntou:

-O que você esqueceu, Fernandão?

Abri o roupão e mostrei que estava de cuecas. Ele me olhou e disse sorrindo:

-De novo Fernandão? Tá ficando esquecido demais, hein?

-Pois é, um amigo me disse que isso é sinal de demência.

-Bem, se é sinal eu não sei, mas duas vezes indo nadar de cuecas, acho que você está ficando demente mesmo – gargalhando gostosamente da situação. Eu, ria junto.

Noutro dia, passando pelo balcão do vestiário para ir à piscina, ele me parou e disse afirmativo:

-Fernandão, deixa eu ver se você não está de cuecas de novo, abre o roupão!

Não estava! Ele continuou com a gozação:

-Liberado!

Que situação...

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 15/07/2024
Reeditado em 22/07/2024
Código do texto: T8107548
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