"Uma selfie da ilusão".
Jairo Nogueira era um jovem que acreditava ser uma estrela em ascensão nas redes sociais. Com 5 mil seguidores no Instagram, ele postava incessantemente, mostrando cada detalhe de sua vida. Desde a simples banana que ia comer até selfies sorrindo com cães fofos que encontrava na rua, Jairo cultivava a imagem de uma vida perfeita e cheia de felicidade.
Por trás das postagens, porém, escondia-se uma tristeza profunda. Jairo lutava contra a depressão, mas mantinha isso longe de seu perfil online. Não importava o quão sombrio se sentisse, suas fotos e vídeos transbordavam alegria e entusiasmo. Seus seguidores, encantados com a vida aparentemente perfeita que ele mostrava, não faziam ideia do vazio que ele sentia.
A realidade bateu à porta de maneira cruel quando Jairo adoeceu gravemente. A notícia de sua morte repentina chocou os poucos que o conheciam de verdade. Seus familiares, em um gesto de despedida, postaram uma última foto de Jairo em seu Instagram, acompanhada de um laço preto simbolizando o luto. O seu cortejo fúnebre tinha apenas o carro funerário seguido por um ônibus que levava aqueles que queriam de verdade dá o último adeus a Jairo.
Uma semana se passou, e apenas alguns amigos de infância, colegas de trabalho e parentes próximos deram os pêsames à família de Jairo. Aqueles que seguiam seu perfil e se encantavam com suas postagens mal notaram sua ausência. O mundo virtual seguiu seu curso, indiferente ao que aconteceu.
O computador de Jairo foi doado para seu sobrinho, que, sem entender o legado digital que herdava, formatou a máquina e passou a usá-la para jogar games. A vida de Jairo, assim como sua presença nas redes sociais, foi rapidamente esquecida. O mundo continuou girando, enquanto a memória de Jairo se desvanecia, lembrada apenas por aqueles que realmente o conheciam.
E assim, a vida perfeita de Jairo, tão cuidadosamente construída no Instagram, se dissipou como folhas mortas ao vento e a unica homenagem recebida foi escolhida pela funeraria e colocada em uma placa de bronze na parede de seu tumulo.