Inocência maculada
Gilberto Carvalho Pereira - Fortaleza, CE, 9 de julho de 2024
Já era noite, chovera o dia todo, o asfalto ainda molhado refletia o clarão da lua. Sabrina e Levi conversavam agarradinhos, como casais apaixonados. Em frente à sua casa, a moça, que ainda não passara dos 15 anos de idade, lutava bravamente contra a ousadia de Levi, que pretendia levantar sua minissaia, e alcançar suas partes íntimas. Ele, com seus 20 anos, já experiente nessa guerra, aos poucos ia avançando, subjugando a ingênua namorada. O ambiente guardava a intimidade dos dois, uma frondosa árvore lhes dava cobertura. Estavam no jardim da casa dos pais da garota. Um muro de 1,5 metros separava a calçada, do jardim, que prometia resguardar a privacidade da casa, tornando-os ocultos aos olhares dos passantes.
Levi chegara para o encontro de sua bela e singela garota, antes das 19 horas. Naquele dia festejavam dois meses de namoro. Embora o rapaz já tivesse sido apresentado aos pais da recatada moça, não fora ainda convidado a adentrar ao recinto da mansão dos Carvalhaes, o que só aconteceria após cinco meses de efetivo relacionamento.
Aí residia a alegria do mancebo e suas tentativas, para ultrapassar a linha imaginária imposta pela família da namorada, sobrando-lhe tempo suficiente para aplicar suas estratégias de avanço, paulatinamente, e ir conquistando terreno no campo de batalha e vencê-la. É bom registrar que o afoito cavalheiro, quando no exército, recebera instruções militares.
Aquela noite corria mansamente, Lê, como ela o chamava, não tinha pressa, sabia que a caminhada seria longa, mas a ocasião estava ao seu favor. Os pais da menina haviam saído, e na casa só estavam os empregados, que tinham ordem expressa, de não deixar o rapaz entrar. Assim, eles poderiam ficar à vontade, os donos da casa só voltariam depois da meia noite. Dez minutos antes, daria tempo para as despedidas, ele sairia de fininho e ela entraria para o seu quarto, na cama fingiria que estava dormindo. Tudo combinado na cabeça do malandro, que prometia não cometer nenhum erro.
O festival de carícias e agarramentos mais ousados recomeçaram. Os corações de ambos batiam freneticamente, mãos e braços se movimentavam desvairadamente. Não era desejo dela se entregar, mas, delicada, frágil, e de vontade fraca, aos poucos foi cedendo. Pedia para ele parar, ele fazia ouvidos moucos e ia ganhando terreno. Os argumentos dela não eram mais ouvidos por aquele homem, que parecia ter entrado em transe. Ganhou o mais forte, o mais determinado. Aos poucos foi retirando a calcinha da namorada, que só chorava, não tinha mais forças para lutar, muito menos gritar. Lá fora passavam pessoas que teriam condições de socorrê-la, mas não tinha como alertá-las. Suas entranhas eram invadidas, sentia dores, não sabia se eram reais ou de vergonha. Pensou apenas que deveria ter atendido aos conselhos de seus pais: Cuidado, não dê muita confiança a quem você não conhece bem!
Ao sentir algo escorrendo pelas pernas, pensou que estivesse urinando. Sua mãe nunca falara sobre situações como essa, como proceder em casos semelhantes. O sangue continuava escorrendo e já manchava todo o seu vestido. Concluíra que ficara menstruada, mas era diferente, nunca sentira dor quando acontecia, desde os 13 anos de idade. Estática, permaneceu por mais de trinta minutos. O homem que estava ao seu lado fazia nova tentativa. Pulou sobre ela, a penetrou pela segunda vez, se mexia todo, para logo depois parar e se jogar para o lado. Estavam deitados sobre o gramado do jardim.
Ficaram assim por quase uma hora, ambos calados, ela ainda chorava baixinho, não queria despertar a curiosidade de ninguém, só pedia, mentalmente, que ele fosse embora. Não sabia as horas, mas temia que seus pais aparecessem a qualquer momento. Seu mundo rodava, seu coração agora batia suavemente, quase parando. O garoto não estava nem aí, só ofegava. Ela arriscou olhar para ele, que retribuiu com uma gargalhada, e a pergunta: gostou?
Essa ação a fez ter um leve desmaio, ele, assustado, se recompôs e saiu correndo, não quis nem saber o que estava se passando com a vilipendiada, que dizia estar apaixonado. Uma hora depois os donos da casa chegaram, dirigiram o carro até a garagem e entraram na casa. A mãe foi direto para o quarto da filha. Não a encontrando, procurou nos outros cômodos, nada. Foi até ao jardim e encontrou a filha estendida na grama. Chamou-a pelo nome, ela não respondeu, gritou pelo marido, que chegou esbaforido. Assustou-se com aquele quadro, tentou reanimá-la, ela reagiu chorando. Contou o que acontecera, levando o pai a chamar uma ambulância e a polícia.