O primeiro cantar da manhã não e o do galo, mais sim do bem-te-vi

Georgiam sentiu clarear o dia, os passarinhos já cantavam, principalmente o bem-te-vi que ele tanto gostava, mesmo assim decidira ficar mais um pouquinho deitado, era inverno e apesar dele preferir o frio sentia que já não era o mesmo e a idade pesava.

Acostumara-se com a solidão, na verdade a solidão pode ser viciante e com o tempo te prender pelo resto da vida, sim já tinha experimentado o amor, fora casado duas vezes mais não podia dizer que não tinha dado certo, tudo tem seu tempo , tudo dura o que precisa durar.

Mais a paixão, isso e diferente e não pode ser exatamente amor, essa sensação ele só tinha sentido uma única vez na vida, mais ficara tão impregnado na alma que nunca mais esquecera. Agora pensava ali deitado e velho que jamais voltaria a sentir aquilo, eram arrepios, era estar em outro mundo esquecendo tudo. Mais tinha o outro lado, tudo tem seu lado sombrio, a insegurança e o não saber se o amor e correspondido na mesma intensidade.

Georgiam sentiu aquele raio de sol exatamente no seu rosto e aquilo de alguma forma o fazia sentir-se mais vivo, talvez a melhor sensação desde a última visita que seus dois filhos tinham feito á alguns meses atrás, sabia da correria do dia a dia e não os julgava, além de tudo também sabia que estava no tempo da colheita dos seus próprios erros, ninguém pode fugir do passado.

Os últimos vestígios das sombras tinham se dissipado, Georgiam era um mar aberto em pensamentos, não precisava e nem queria mais auto julgamentos, tinha chegado até ali e agora era apenas uma ave matinal, um bem-te-vi.

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 03/07/2024
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