Imãs para pequenos acidentes

Tinha um pai e seu filhinho andando na calçada.

O pai ia na frente com a cara fechada, perdido em pensamentos de adulto

O menino ia alguns palmos de distância das pernas do pai, estava com os olhos fixados no sorvete que levava com as mãos a um palmo do rosto, só admirava a delícia gelada de chocolate, lambia os dedos de vez em quando.

De repente, o menino tropeçou em uma pedra que parecia ter aparecido do nada. Essas coisas sempre acontecem com as crianças, né? A gravidade funciona diferente de acordo com sua idade. Pedras, troncos, quinas de mesa, espinhos... tudo parece respeitar uma lei magnética diferente no mundo dos pequenos. Os joelhos têm uma ligação direta com o chão.

Crianças caem com uma frequência impressionante. É como se elas fossem ímãs para pequenos acidentes, sempre se machucando, sempre esbarrando em alguma coisa e na mesma medida se recuperam física e emocionalmente.

O sorvete voou para o lado, fazendo um arco no ar antes de cair no chão. O pai, ainda mergulhado em seus pensamentos, não percebeu o pequeno desastre até que ouviu um choramingo.