Prende tua égua, que meu cavalo está solto

Família reunida para ir a um programa diferenciado: banho de maré. Maré - para você que não é do litoral - é um trecho onde acontece o encontro do rio com o mar. Transição entre o doce e o salgado. A água não é doce, nem salgada, é salobra.

Carro lotado e pé atolado. Fomos no crossfox do tio Ronivaldo. O caminho era sempre uma aventura com ele. Eram aproximadamente 40km, pouco mais de meia hora de viagem.

Chegando lá os adultos se sentaram no restaurante e começaram os trabalhos, aquela cervejinha pra lavar a alma e comidas típicas daquela região. Os adolescentes - eu, minha irmã, meu primo e minha prima - foram direto para a água.

O banho lá era agradável. A água quase parada e com uma profundidade adequada. O único problema eram as pedras pontudas, que machucavam o pé e atrapalhavam a locomoção. Havia uma espécie de cais, que ficava a uns três metros de altura, talvez um pouco menos, onde começamos a pular.

Após um dos meus pulos nada ornamentais, quando estava saindo da água, tropecei em uma pedra e quase cai. Percebi que alguém me observava. Fiquei sem graça e sorri para esta moça, que deveria ter cerca de 15 anos. Ela sorriu de volta.

Daí, eu, minha irmã e meus primos fomos almoçar. Comemos, sorrimos, aproveitamos à beça. Depois, mais banho. Rapidamente chegou a hora de ir embora.

Enquanto todos se preparavam para ir, eu e meu primo ficamos conversando na lateral do bar. Novamente a menina estava nos observando. Ela não parava de olhar, encarar na verdade. Olhava profundamente nos meus olhos e sorria. Meu primo percebeu e disse: vai lá, ela está querendo algo contigo.

Eu era tímido e desconfiado. Ainda não tinha certeza se era para ir ou não. Contudo, ela não parou com os olhares e sorrisos. Começou então a passar a mão em sua barriga, que por sinal era muito bonita. Subia lentamente a mão até os seios. Ela conseguiu me deixar excitado.

Criei coragem e fui até onde ela estava. Apresentei-me, ela se apresentou. Perguntou se eu era tímido. Não lembro o que eu respondi. Cheguei mais perto dela, fechei os olhos e a beijei.

Quando meus lábios tocaram os dela, eu apenas ouvi um som de tapas. "Que arrumação é essa menina!?" Alguém saia arrastando a moça para o banheiro, debaixo de tapas. Demorei um segundo para entender, depois sai correndo para perto da minha família.

Meu tio sorriu. Sorriu com um certo ar de orgulho de seu sobrinho. Depois disse: "vamos, está na hora de ir embora".

No caminho de volta alguém perguntou no carro: "o que faríamos se a mãe da menina fosse reclamar conosco?" Meu tio afirmou que responderia simplesmente: "prende tua égua, que meu cavalo está solto".

Lieven Marciano
Enviado por Lieven Marciano em 21/06/2024
Reeditado em 21/06/2024
Código do texto: T8090554
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