Estalos
Sentar num banco da pracinha era sua rotina .O sol estalava de tanto calor na pele curtida
Estava próximo 'a farmácia popular da igrejinha ,aonde também distribuíam cestas básicas.
Pés negros descalços como carvão e feijão estalavam no asfalto.Olhos esbugalhados, como o branco do arroz , realcavam nas vestes encardidas e rasgadas .Ninguém aceitava aquele ser ! Nem na mesa do xadrez e nem tampouco os médicos no Posto de Saúde ...
Entrara um dia na igrejinha próxima 'a pracinha ,lá dormiu . As 15 h o padre o acordou ,dando-lhe atenção e um copo de café. Colocou sandálias novas.
Os pássaros aplaudiam pois não havia tomado cachaça naquela noite. Os pombos o avistaram ... Fugirá da droga ,dos que perseguiam , da FUNABEM.
A fraqueza era total! Mas a felicidade de ter liberdade nos bancos da pracinha e da igrejinha
faziam-no sentir que não estava só.
Estalos no ar....algo o avista ! Pipoqueiro, no óleo cheiroso da praça , avista a sirene .A polícia chegara. O pipoqueiro preparava panela com óleo ,o milho cheiroso estalava..
Entre ruas e pensamentos doentios, no pasmo amanhecer ,o homem correra . Havia dormido no banco da pracinha e fugira com medos dos estalos ! E como soavam alto aqueles tiros !
Acompanhando o trajeto do ônibus , vira , finalmente, que daí para a frente seriam " Os Classificados "a única página que perdidamente seria invisível ao olhar daquela pessoa .
Sem emprego e só ...um estalos o atingiu
( Fátima Regina VM / Timinha )