Grata surpresa
Eu e meu marido estávamos em viagem à Europa. Após informações sobre trajeto do Aeroporto de Madri para o hotel em que estaríamos hospedados, resolvemos, pelo menor custo benefício, ir de metrô.
O que mais amigos recomendaram foi que evitássemos ao máximo esse meio de transporte por serem os turistas extremamente visados pelos "pickpocket", o equivalente a trombadinhas brasileiros.
Mas, eu e meu marido, resolvemos acreditar em nossos instintos, percepções e experiência de quem já viveu o dia a dia em transportes urbanos das grandes capitais brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo.
Então, lá fomos nós, confiando em nossa capacidade de logística através de uma cidade europeia onde nunca estivemos.
Sobre o povo e cultura europeia, conhecidos também nos informaram que os europeus costumam ser pessoas frias e com pouca vontade em ajudar ou dar informações a brasileiros.
Ainda sobre o metrô, esperávamos, como em São Paulo, que as estacões oferecessem acesso por escadas rolantes ou elevadores entre pisos. Sim, algumas estações dispõem dessas comodidades, nem todas... infelizmente percebemos tarde demais. E lá estávamos nós, cheios de bagagem para trafegar entre estações por escadas...altas escadas. Viajamos quase no final do inverno europeu e por isso levamos muitas bagagens com roupas de inverno que precisavam de mais malas. E alguns até nos aconselharam a comprar lá. Mas, recebendo em real e gastar em euro, não nos pareceu um bom negócio. Mais barato carregar peso? Talvez.
Porém, para minha surpresa, em uma das estações, enquanto esperava meu marido descer com algumas malas um grande lance de escadas, justamente em um momento em que muitas pessoas subiam em sentido contrário, uma espanhola gentilmente me perguntou se eu queria ajuda. Eu disse que não precisava porque meu marido estava lá embaixo me ajudando. Ela estava indo embora mas depois se virou prá mim e disse: "mas eu vou ajudar porque são muitas malas."
Ela não me conhecia, nunca me viu, mas ainda assim foi empática e ofereceu este gesto de gentileza. Então, enquanto ela se afastava depois de me ajudar, em meio a toda gente que trafegava no local, eu ainda agradecida e surpresa, lhe disse um sonoro: "Vaya con Dios!"
Confesso que no metrô de São Paulo já fiz a mesma coisa por uma desconhecida. Olha aí o universo retornando o que a gente faz. Em um momento em que eu realmente precisava e não esperava ajuda.
Grata surpresa!