De Cuecas!

30.05.24

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Entro no vestiário do clube. Paro no balcão em que ficam os responsáveis, um deles, baixinho e brincalhão, me diz:

-Olha ele aí, o bigodão!

Pego uma toalha e um roupão, o clube nos empresta para ir à piscina. Ele me pede:

-Coloque seus dados e dê um visto aqui na lista de controle, Fernandão!

Preencho, e na hora de dar um visto, eu levanto a relação na altura dos meus olhos, fixo o olhar por alguns segundos e digo:

-Visto!

Ele começa a rir, dizendo:

-Assinar, né?

Assino e sigo rindo até ao meu armário para me trocar. Abro ele, tiro um saco com os apetrechos de natação – pé de pato, palmar e óculos, e o coloco sobre o banco no corredor entre os armários. Tiro a minha roupa, a menos da camiseta, pois como venho e volto a pé de casa, ela fica molhada pela transpiração. Vou nadar com ela. A do dia anterior, fiz o mesmo e está com os meninos do balcão secando - a pegarei quando voltar do nado. Faço esse ritual todos os dias.

Aparece um amigo e começamos a conversar enquanto vou me aprontando. Fecho o armário, despeço-me, pego o saco da natação e o roupão e vou para a piscina.

Nela, deixo o roupão em uma cadeira para me agasalhar quando sair - está fazendo frio agora, entro na água aquecida de camiseta e pés de pato, coloco os óculos e os palmares e começo a nadar.

Vou me deliciando com o nado na água quente e reconfortante. Em dado momento, percebo que estou nadando de cuecas.

-Não acredito! Estou nadando de cuecas! – falo comigo surdamente.

Não paro e começo a rir:

-Estou ficando gagá. “Vecchiaia brutta!” - penso.

Saio da piscina, depois de completar o treino, tiro a camiseta e coloco o roupão tranquilamente, pois a cueca é da mesma cor da camiseta, azul escuro, imperceptível saber se é ou não, cuecas!

Volto ao vestiário, o baixinho me olha, eu a ele, e digo abrindo roupão :

-Acredita que nadei de cuecas?

Ele começa a rir e me fala:

-Ainda bem que não foi pelado, Fernandão!