No intervalo do tempo
No ambiente sereno e repleto de história que envolvia aquela mesa distante, situada ao fundo de uma biblioteca, em meio aos corredores da faculdade, o tempo parecia estagnar. Era um período marcado por intensas discussões, nas quais o tema predominante era a esfera filosófica e poética, deixando em segundo plano as narrativas românticas. Contudo, havia momentos fugazes em que a atenção se desviava para uma figura singular, uma presença que transitava entre as mesas em busca de café, cujos traços remetiam à mitologia antiga, evocando deusas imemoriais. Seus gestos, envoltos em uma aura enigmática, inspiravam reflexões sobre um futuro indistinto, apenas vislumbrado por ela. O aroma, em sua companhia, adquiria uma qualidade quase mística, evocando imagens de campos de batalha, enquanto sua própria presença sugeria a adesão aos seus próprios sonhos, ainda que estes permanecessem obscuros para os demais. Era notável como sua existência, permeada por uma sensualidade sutil, capturava a atenção de todos ao seu redor, silenciando conversas e compelindo aqueles que estudavam a abandonar temporariamente seus livros. Em meio a esse cenário, ela se tornava o epicentro de um desejo reprimido, uma força magnética que desafiava as convenções e incitava a contemplação de um mundo além das obrigações acadêmicas. Assim, naquele período em que as horas pareciam suspensas, era ela quem conferia um significado especial à inércia aparente, revelando a complexidade das interações humanas e a delicada dança entre a realidade e os anseios secretos que residem em cada um de nós.
José Campos