Uma flor nasceu na rua
Chegara em casa mas hesitava em dormir.
Passo atrás, atravessou a rua e tocou a campainha do bar do Mike.
Sentada no balcão, pediu Cuba e acendeu um cigarro de cravo.
Sem saber, naquela cuba vinha junto a revolução.
Canhoteiros ao lado, molhavam as palavras do mesmo veneno.
Havia uma revolta também naquele passo atrás, naquele atravessar de rua, naquela ousada campainha da madrugada
Havia uma inflamação desconhecida e latente.
Foi-se uma, duas, três e tantas histórias de colônia e além-mar.
Despediram-se.
O mundo e as circunstâncias se impunham.
E novamente, quando tudo parecia só aceitação, a maldita inflamação aperecia:
"Toma mais uma?"
Fora o suficiente pra levar o destino, as vontades, os segredos, os enredos e os lábios, então.
Fora crível, era forçoso partir.
Todos os dedos entrelaçados em cada ramo de cabelos outros se perdiam nos olhos colados.
O sangue fervia, o céu aparecia e o dia amanheceu em paz.
O mundo virou um muro.
As palavras querem pixar o muro.
Os sonhos querem pular o muro.
E a vontade vai quebrar o muro.
Com suor, saliva e paixão.
Brotando na rua
da rosa do povo
A mais incrível história da nossa próxima revolução.