Insônia
A madrugada estava calma, ainda se ouviam os pingos da chuva que havia caído às 23.
Heloísa tentava forçar o sono chegar, mas isso lhe parecia uma tarefa impossível. Olhou pela centésima vez o relógio e nada do horário avançar. Estava inquieta, seus pensamentos pareciam cavalos em uma competição de corrida; com tanta bagunça mental, a enxaqueca resolveu convidá-la para um passeio sem recusa.
Levantou-se e foi até a cômoda procurar o frasco de dipirona, mandou 40 gotas goela abaixo, fez careta reclamando do gosto intragável desse maldito santo medicamento.
Em seguida, foi ao banheiro para urinar e após isso, caminhou até a cozinha para tomar um pouco de água para tentar tirar o gosto amargo da boca.
Ao puxar uma cadeira para se sentar, não percebeu o seu gatinho dormindo e sentou-se em cima dele que soltou um alto e estridente "Miauuuuuuuu". Ela o pegou no colo e pediu desculpas. Pobre Sebastian! Não se pode mais tirar um cochilo sossegado nessa casa?!
Ali, alisando o seu bichano, debruçou-se à mesa e acabou adormecendo.
Exatamente às 05:40 da manhã, o celular despertou; o alarme era tão alto que, certamente, o prédio todo escutava.
Acordou um pouco atordoada, sentindo uma tremenda dor no pescoço e costas; embora não tivesse sonhado, teve um sono tranquilo; era tudo o que estava precisando.
Dirigiu-se ao quarto e desativou o alarme, em seguida, dobrou os joelhos e fez uma oração; voltou para cozinha e foi até a pia para tomar a sua garrafa de 500ml de água como de costume.
Feito isso, ligou o gás, pegou o canecão do armário, encheu de água e colocou para ferver, assim, quando terminasse o banho, já prepararia o café.
Abriu a porta da lavanderia, pegou a toalha, entrou no banheiro, tirou as suas roupas e antes de tomar o seu banho matinal para se aprontar para ir ao trabalho, olhou-se por alguns instantes no espelho, sorriu feliz e agradeceu por aquela longa noite ter finalmente chegado ao fim.