Por onde anda Dona Maria
Sozinha em seu quarto, sentada na cama, elegante em seu camisolão de dormir: postura ereta, mão no colo, olhando para a porta, pontinhas do pés tocando o chão gelado, em um aparente silencio.
— O que está acontecendo comigo?
— Onde estou? QUE LUGAR É ESSE?
— Nossa! É frio aqui!
— Eu quero a minha mãe.
— Hum?! Você viu aquilo?
— Nossa se tudo der certo amanhã eu termino esse relatório, não aguento mais tanta planilha.
— Ah! Eu lembrei daquela história. Menina eu tenho que te contar, que piada!
— Ué? Onde que ele foi parar? Estava aqui agora?!
— Gosto tanto dos brincos de pérolas, fica perfeito com tudo. Discreto e elegante! Vou usá-los no
jantar.
— Meu filho é lindo não é? O safadinho é a cara do pai. Daniel, Daniel o nome dele. Jorge que batizou.
— Tá sentindo esse cheiro? Ovos mexidos com torradas quentes. Amo torradas quentinhas!
— Mãe? onde está minha mãe? porque eu tô sozinha?
— Bicicleta. Adoro andar de bicicleta... Menina! Fazia anos que eu não andava de bicicleta, adorei!
Preciso fazer isso mais vezes.
— Que lugar é esse? É frio aqui, não é?
— Meu pai... meu pai tá demorando tanto desta vez... Saudades dele. Será que ele trará bombons? Ele
sempre promete, mas nunca traz.
— MÃE!
— Ah quer saber?! Eu não aguento mais essa situação Fernando, nossa relação já deu. Para com isso.
Sai de perto de mim! EU NÃO QUERO!
— Essas paredes brancas estão me enlouquecendo.
— Gente?! O que aconteceu com meu cabelo? Minha pele? Eu tô acabada!
— Que lugar frio é esse?
— Que vontade louca de comer ovos mexidos... Tá sentindo o cheiro? Torradas quentinhas, amo.
— Gente ele estava do meu lado agora?!
— Papai nuca mais voltou. Uma lagrima escorre.
— Cadê a minha mãe?