BANZÉ, MEU CÃOZINHO

Ficou muito feliz quando ganhou o pequeno cachorro. Seus olhos brilharam de alegria.

Companheiro inseparável desde o início, Banzé arteiro e brincalhão.

O cãozinho, ainda filhote, quando chegou já sentia que seu grande amigo seria aquele menino de uns oito anos. Brincavam o dia todo e tornaram-se companheiros inseparáveis.

Ao voltar da escola, perto do meio dia, lá estava o Banzé no portão ansioso na espera do menino. O reencontro uma alegria só de ambos.

Fazendo a lição de casa, tinha a companhia do animalzinho a seus pés. Na hora de dormir levava-o escondido para sua cama.

Meses depois Banzé teve uma convulsão. Não o levaram ao veterinário. Naquela época o cuidado com os animais não era tão grande e o dinheiro muito mais difícil de obter.

Passaram-se alguns dias e o animal teve outro ataque. Debateu-se por alguns minutos. Sua mãe e sua avó comentaram que poderia ser a doença que ataca os cães, a raiva. Disseram que talvez fosse melhor sacrificar o cachorro. Ao ouvir, o menino gritou: “Não matem meu cachorrinho”.

Em sua casa, a água de poço artesiano, salobra, imprópria para consumo. Costumavam pegar água encanada da torneira do jardim da casa vizinha.

- Vá buscar água para beber, ordenou sua mãe.

Já voltando, com o balde cheio de água, ouviu um latido agudo e triste. Seu coração disparou. Correu até o fundo do quintal, a tempo de ver sua avó com um machado ensangüentado na mão.

Um nó na garganta, até hoje, impede que ele conte o final da história.