A TARDE FORA DE ORBITA

Cada macaco no seu galho, ou seja, cada um no seu quadrado. Por isso, devemos andar antes de correr, evitando culturas fora dos  costumes. A convite do chefe, lhe acompanhei ao happy hour. Passei o maior vexame. Os amigos do homem  falavam de Beethover,  Morzart, Strauss, Chopin, Vivaldi e Bach. Fiquei só de oitiva, não conhecia as figuras e nem sabia o que faziam.  Mudamos de mesa e a conversa não me interessava, um papo de Roland-Garros, Wimbledon, US Open e Australian Open. Tiveram a ousadia de me perguntar se estive presente no torneio do Grand Slam.

Sei lá que porra é essa. E o chefe me levando de mesa em mesa... ô povo de conversa esquisita.

Na última parada, gente de aparência fina e linguajar mais afinado, se gabava: eu li Paulo Coelho, Veríssimo, José de Alencar, Ubaldo Ribeiro. Outro salta de banda dizendo: a minha biblioteca cataloga  Jorge Amado, Martin Boroson. Outro não fica atrás e se mostra muito mais: eu e a patroa ja folheamos James Hunter, Dan Brown, Khaled Hosseini, George Martin, Lobsang Rampa, Agatha Christie, Elizabeth Hoy, Khalil Gibran. No dia seguinte o chefe pergunta: voce gostou do networking? Gostar,  gostei, até  descobri que nada sei, fiquei a tarde toda fora de órbita.