Onde estamos errando?

 

Enquanto estava sentado na poltrona do ônibus indo para o trabalho, fui abordado por um indivíduo que me entregou um papel. Era um senhor de pele morena, cabelos crespos e olhar triste. Depois de me passar o papel, ele seguiu em direção a outra cadeira próxima e entregou o papel a duas senhoras que estavam sentadas ali, que também pareciam surpresas. Voltei meu olhar para o papel e comecei a ler o que estava escrito: "Caro senhor(a), venho por meio desta solicitar sua ajuda para comprar alimentos para meus filhos. Sofri um grave acidente há um ano em uma fábrica onde trabalhava, o que me deixou incapaz de trabalhar devido a uma deficiência nas pernas. Toda ajuda será bem recebida, dada de bom grado." Olhei para baixo e vi uma observação que dizia: "Por favor, entregar o papel". Um sentimento inexplicável tomou conta do meu coração. Uma mistura de tristeza e desilusão. Algo que nem eu mesmo saberia explicar. Tirei as moedas dos meus bolsos e as entreguei. Finalmente chegando ao meu destino, desci do ônibus e ao longo do caminho fui me perguntando, desde o encontro com aquele senhor, umas perguntas não saiam da minha cabeça: "O que há de errado conosco? Onde está nossa empatia?". Andando de cabeça baixa pensativo, acabei me esbarrando sobre uma pessoa sem querer, "desculpe", falei,

"Olha por anda", respondeu.