Lembranças e a colcha de retalho
Olhando a cama naquela manhã iluminada com céu de brigadeiro na casa ao lado tocava uma música romântica dos 80 que você gostava de dançar. Foi aí que a inspiração analógica nasceu, cada pedacinho dos retalhos trazia à tona os bons momentos que o destino foi revelando. O primeiro amor, a primeira desilusão, e as remadas nas águas horas calma e outras turbulentas. O tempo foi passando e a colcha agrupando os quadriláteros, os retangulares, muitas simetrias triangulares e até figuras geométricas sem definições, mas todas com respingos de lembranças e saudades.
Debruçado na janela o devaneio se misturava com cenas antigas e imaginárias do presente querendo continuar a confecção, mas percebi que patinava no lamaçal da estrada que estava percorrendo no momento. Era salutar voltar ao quarto e reviver a vida alisando a macia e saudosa colcha que me deste de presente.