A CEGONHA

— Já estou farto de tudo, papá!

— Farto de quê, Luvumbo?

— De fazer um curso sem futuro.

— É muito simples, filho, saia!

O estudante do turno da tarde, senta, conversa, caminha e voa como uma cegonha, só que perdido numa cela errada. Cansado, cansado pelo esforço programado pelo encarregado.

— Não é justo.

— O quê, Luvumbo?

— O meu pai não aprova o meu dom.

— Não és o único, somos vários.

A luz do sol, suja preto o rosto do jovem estudante. Aquele que, às vezes, finge ser focado a fim de fazer o autor do seu futuro sorrir. Será que na vida estudantil não existe humanos, somente máquinas?

— Luvumbo, qual é o teu dom?

— Quem me dera viver sobre o meu dom.

— Como assim, colega?

— Infelizmente, adolescentes, já não sonham.

IMCL, 26 de Janeiro de 2024

Katito Kamwenho
Enviado por Katito Kamwenho em 10/02/2024
Código do texto: T7996272
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