O admirador anônimo
Estando eu, sentado na calçada de uma loja de roupa qualquer no centro, à espera de minha prima que estava lá dentro, apareceu-me um senhor, perguntou-me:
— Lindo, não é? — nesse instante, eu me encontrava de cabeça baixa, vidrado no celular, o que me fez; nessa hora, tomar um belo susto com aquele abordagem inesperada.
— Olá, boa tarde. — Falei sem jeito. Era um senhor com aproximadamente uns 60–65 anos. Vestia-se elegantemente, de camisa social vermelha, relógio de ouro e óculos revestido de ouro também, ao que parecia. O que me deu a certeza de ser ele o dono do carro o qual estava me apontando.
— Ah, desculpe pelo susto, não lhe dei sequer boa tarde, boa tarde!
— Sem problemas.
— Quanto daria nessa lindeza aqui? — Perguntou apontando para o carro.
— O senhor vai ter que me desculpa, mas sei de carro tanto quanto sei de matemática: nada. — Isso me deu um ar de falta de educação, por isso fiz uma pergunta antes mesmo dele ter a chance de responder ao que eu tinha dito. — E o senhor? Quanto daria?
— Ora, ai o aluno... Quer aprender com o mestre — Eu também não entendi bem o que ele quis dizer com isso.
— Pode dizer, estamos no momento fazendo uma estimativa. — Talvez, pensei, ele possa estar querendo minha opinião, com a finalidade de pôr o carro a venda.
— Sinceramente... não sei... Uns 90K... 100K. — Fiquei receioso de dar um valor muito baixo ou muito alto na expectativa dele e acabar passando vergonha.
— Bem, é um valor considerável. Eu daria uns 130 mil.
— É, como lhe disse; não sei muito bem de carro.
— Mas agora está sabendo um pouco. Essa belezinha aqui é uma Creta Platinum 1.0 2023. Com um teto solar e uma transmissão automática ma-ra-vi-lho-sa!
— Eu vejo que o senhor entende muito bem de carro. — Levantei-me do meu lugar, já estava exausto de permanecer sentado. A Creta era realmente lindíssima, o seu branco luzia-lhe o brilho.
— Já viu a Volkswagen T-Cross?
— Hã-hã.
— Ela também é linda, porém aquela parte traseira dela deixa muita a desejar! Não é como a Creta que é linda e reta. — Neste instante, ele se aproximou da Creta e tocou na sua traseira, mostrando-me como era reta.
— O carro é realmente uma máquina excelentíssima criada pelos humanos.
— Uma necessidade, até.
Eu estava prestes a perguntar o preço da Creta quando, naquele momento, uma mulher saiu da loja onde minha prima estava, usando um vestido branco e saltos vermelhos. Ela sorriu ao nos ver e dirigiu seu olhar para o admirador do carro. Cumprimentou-nos com um "boa tarde" e nós respondemos. Ela destravou o carro, abriu a porta e entrou. Quando ela estava na esquina, olhei para ele com um olhar desapontado.
- É um carro maravilhoso, não é? - ele me perguntou.
- Era sim - observei como seus olhos se encheram de sonhos e decepções.
Ele agradeceu pela conversa, apertou minha mão e partiu.