Trair E Coçar...

Debinha estava concentrada em sua aula de pintura em tela.

Sempre tivera talento e criatividade, mas a roda da vida a impedia de se expressar.

Agora com mais de quarenta anos, filhos criados, casamento morno ali estava ela.

A cada avanço ela se sentia vitoriosa.

Olhou o trabalho que estava realizando e sorriu se sentindo satisfeita.

Ao levantar a cabeça se deparou com o olhar fixo de um jovem.

Fixou o olhar nele e num minuto percebeu que era um lindo jovem.

Mas era praticamente um adolescente, tinha provavelmente uns dezessete anos.

Desconcertada ela voltou à sua pintura.

Logo porém voltou a olhar na direção do jovem e ele trabalhava sua tela.

No final saiu sem olhar para o jovem, mas sentiu que ele a seguia com os olhos.

Nas próximas semanas lá estava o garotão olhando para ela, sorrindo, se insinuando.

Ela até já tinha se esquecido que era uma mulher linda e atraente.

O marido parecia nem olhar mais pra ela.

Viviam um casamento morno e sem graça.

Vida sexual no automático. Faziam por fazer. Davam as costas e dormiam.

A rotina do trabalho a deixava angustiada.

Tudo isso a fazia sentir-se vazia e sem motivação.

Só as aulas de pintura davam algum alento.

E agora lhe aparece aquele jovem querendo tirar seu juízo.

E quando o marido veio pro seu lado com mesmo arroz e feijão ela lhe serviu um banquete pensando no garotão.

-Que deu em você hoje?

-Vontade

-Acha que ainda temos idade pra isso?

-Você eu não sei, eu tenho. E vou ter sempre. Eu sempre estou ardendo de vontade, você é que não sabe se incendiar.

Ele apenas resmungou, virou pro lado e em poucos minutos estava roncando.

Ela ali do lado pensava no garotão e queria mais.

Pensava que ele poderia satisfazer todos os seus desejos.

E dizia pra si mesma que estava ficando louca.

Não queria confusão e problemas pra sua vida.

Trocou seu horário de aula.

Dias depois lá estava o garotão no seu novo horário.

Ela sorriu por dentro, mas pensou que aquilo não acabaria bem.

Ela se insinuava pro marido tentando apimentar a relação e voltar aos velhos tempos.

Mas ele se interessava mais por seus amigos, pela TV e pela internet que por ela.

Ela olhava pra ele e pensava: “Depois não reclama”.

Na próxima aula lá estava o menino.

E pediu uma carona.

Super sem graça ela o levou. Conversaram banalidades.

E na próxima carona ele disse:

-Você é uma mulher muito bonita.

-E casada.

-Eu não quero me casar com você. Só estou encantado.

-Engraçadinho você. Uma mulher casada não deve ficar dando carona pra garotões.

-E porque me olha com tanta vontade então?

-Quem disse.

-Seus olhos.

Antes de descer ele se aproximou dela e se beijaram.

Carona vem, carona vai e eles acabaram não resistindo.

Naquele quarto ela se despia pra ele e mostrava que ainda tinha um corpo perfeito.

Ele ficava cada vez mais cheio de vontade e pronto pra se entregar.

Eles caíram na cama e ela percebendo que ele tinha pouca experiência, mostrou como é que se faz. Como se satisfaz uma mulher e como se enlouquece um homem.

Ela sentiu que talvez trair só fosse difícil na primeira vez.

Pensou que certos homens pedem pra ser traídos.

Talvez seu marido não a amasse mais, estava ao seu lado só por conveniência, por estar.

Talvez sexo casual com o garotão nem fosse traição, só uma necessidade fisiológica.

Eles continuaram se encontrando após as aulas.

A cada semana eles transavam com mais intensidade e sentiam mais prazer com o outro.

Eles só queriam sexo e prazer.

Ela chegava em casa mais tarde e seu marido nem se incomodava ou queria saber porque suas aulas estavam se prolongando.

Ela sentia um misto de alívio por não ter que se explicar e mágoa por ele nem se preocupar em saber o que estava acontecendo. Sentia que era descaso por parte dele.

Alguns anos depois o garotão se mudou para complementar seus estudos.

Tinham recaídas e quando isto acontecia era só luxúria e prazer.

Mas cada um seguia sua vida.

Ela insatisfeita como sempre…

Ele namorando uma ou outra…

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 18/01/2024
Código do texto: T7979470
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