Uma Maravilha da Natureza
18.01.24
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Tinha em minhas mãos uma bela manga, viçosa e aromática, com seu perfume doce e delicado para descascar. É a sua época agora. Encarando-a com olhar vago e longe, lembrei da volúpia e prazer com que minha mãe as comia. Era a sua fruta predileta.
Veio a memória dela sentada a mesa da sala de almoço de casa com três lindas mangas a devorar. Na época da fruta era o seu almoço. Com olhar guloso como o de uma criança, dizia-me:
-A natureza não é maravilhosa? Produz frutas tão delicadas e deliciosas para nós, não é mesmo? É uma dádiva – já pegando uma fruta lustrosa e cheirosa, e com gestos cuidadosos ia tirando finas fatias da casca da fruta. Tinha paciência e zelo com ela, preparando-a para deliciar-se com prazer o seu sabor. Mas antes, mordiscava cada casca dizendo-me:
-Não se pode desperdiçar nada da fruta ou de comida, não é meu filho? – lambendo com carinho a parte amarela da casca, como um ritual. Depois, cortava a fruta com o mesmo cuidado, fatiando-a finamente até chegar ao caroço, que roía deixando-o quase branco. Depois, degustava cada pedaço da fruta, com sua cor amarelo forte, com um prazer imenso. Eu a observava entretido, ela suspirava e me falava feliz:
-Que delicia de fruta, uma maravilha da natureza, não é meu filho?
Voltei à minha manga e comecei a descascá-la, tentando imitar minha mãe, tirando finas cascas e lambendo-as. Depois cortei-a em pedaços chegando ao caroço e o roí também. Olhei a fruta fatiada no prato exalando seu perfume delicioso e convidativo. Peguei uma fatia e saboreei com cuidado e atenção. Fiquei extasiado e falei comigo:
-Sim! É uma maravilha da natureza.