O infortúnio
Passou, olhou, colocou a mão no bolso e pensou, "Será que dou?" Aquele homem maltrapilho e sujo, brotou nele um sentimento de pena. Estava em frente a um hospital, hospital esse que tomava todo o quarteirão. Retirou o dinheiro do bolso. Disse a si mesmo que a primeira nota que saísse de lá, daria-o. Puxou e veio uma nota de 50$. A nota era alta, o que fez acender um brilho de alegria e aspiração nos olhos do pobre homem. Estendeu a mão, e disse-lhe:
— Para o senhor.
— Deus abençoe ao senhor, sempre, sempre, sempre! — Respondeu, agradecendo-me.
Despediram-se e Jorge seguiu seu caminho, teria que passar no banco dali a alguns instantes. Sua mãe, o pediu pra sacar um dinheiro e depois passar no mercadinho, comprar umas verduras, coentros, etc, etc...
Fez o que a mãe pediu, na volta decidiu voltar pelo mesmo caminho que fora. Perto do hospital onde encontrou o sem-teto e entregou o dinheiro, havia uma correria de pessoas pra lá e pra cá. Pessoas gritando e uns murmúrios, uma mulher de saia derrubou o celular do caminho de Jorge, Jorge se abaixou para pegar e entregou a moça. Ela só recebeu e partiu, estava tão assombrada e atordoada a coitada, que não teve reação de sequer agradecer. Chegando mais perto da passagem de um hospital para o outro, tomou um susto que lhe fez soar o corpo inteiro, a cena que ele acabava de ver era essa; dois homens segurando um outro homem, ao que parecia este estava tendo um ataque; estava muito alucinado e gritava e não parava de repetir as mesmas palavras: "Eu não te disse que não devia ter me enrolado? Só peguei o que era meu, seu desgraçado!" parecia, pelo visto, um sem-teto. Jorge olhou para o chão, para ver com quem ele estava falando, Jorge sobressatou-se de susto ao olhar para ele e reconhecer quem estava ao chão; era o homem que entregou os 50$, estava imerso em uma poça de sangue que saia do seu corpo. Gemia e dizia algumas palavras inaudíveis.
"Cadê as enfermeiras, enfermeiros...?", perguntava a si mesmo quando de repente, um passou por ele o barrando, quase o levando junto. Rapidamente o colocou na maca e o levou as pressas.
— Maldito! isso que dá pedir emprestado e não devolver. Só peguei o que era meu! Desgr... — Um dos homens o derrubou no chão, como derrubam um saco de cimento depois de retirado do caminhão. Jorge ficou atordoado, sentia-se mal por alguma coisa. Sabia que não deveria ter dado o dinheiro a ele!