Eu sou tristeza
Deito e olho para o nada no horizonte da paisagem embaçada de uma tarde vazia e cinza. Não sou desse mundo. Não tenho espaço nele. Não devo nem ser humano. Pois não sou como os outros. Igual a mim nunca vi ninguém. Fecho os olhos, abro, tomo café, deito, abro os olhos, fecho, fico imóvel na cama. Não quero nada. Não tenho como querer mais nada. As energias se foram. Não há mais desejo, não há mais engano. Não sou nada nem ninguém. Lembro de diversos momentos de minha vida em que me senti assim, triste. Essa mesma tristeza. Sempre me senti assim. Embora queira sempre culpar uma coisa ou outra, um momento ou outro, eu sou tristeza. Eu sou o vazio.